Do DC:
A primeira e mais forte reação do público, lotando totalmente o Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos da UFSC, ocorreu quando usava a palavra o representante dos estudantes, o acadêmico Leonardo Moraes, referiu-se à decisão judicial como “inconsequente” e referiu-se a delegada que conduziu o inquérito. A plateia aplaudiu de forma contundente, de pé, e com manifestações enfáticas de apoio as críticas. A reação espontânea repetiu-se várias vezes, sempre que os oradores atacavam o abuso de autoridade, a prisão desnecessária e as notícias divulgadas pela imprensa, todos de condenação sumária do reitor.
Em relação à mídia também houve críticas à imprecisão das noticias veiculadas por veículos de comunicação de expressão nacional, mencionando fatos totalmente inverídicos. Os mais combatidos pelos críticos dentro e fora da solenidade referem-se à redes nacionais de TV e jornais de São Paulo e Rio de Janeiro que mencionaram repetidas vezes, antes e após a morte do professor Luiz Cancellier, que o reitor estava sendo investigado por suspeitas de desvio de 80 milhões de reais.
Informação totalmente mentirosa, eis que os 80 milhões de reais mencionados pela Policia Federal na coletiva após a prisão referiam-se ao valor total do programa “Universidade Aberta do Brasil”, enquanto estavam sendo apurados recursos de 350 mil reais de gestões anteriores e nenhum deles envolvendo atos do reitor.
(…)
Os oradores foram unânimes em ressaltar as virtudes do reitor Luiz Carlos Cancellier, como um “dedicado educador, estudioso, conciliador, tolerante e homem de diálogo” e de condenação veemente à prisão que, segundo destacaram, representou um linchamento público, sem direito de defesa, e causa de sua atitude.
O governador em exercício anunciou ter decretado luto oficial no Estado por três dias, colocou a bandeira de Santa Catarina sobre o caixão junto com a reitora e proclamou – sob aplausos da plateia – que a nota do Procurador Geral João dos Passos Martins Neto era “a nota oficial do governo de Santa Catarina”.
Eduardo Moreira leu a nota na íntegra e destacou dois pontos, interrompido pelo público outra vez com aplausos, quando com voz forte, pausadamente: “Os fatos indicam que Cancellier padeceu sob o abuso de autoridade, seja em relação ao decreto de prisão temporária contra si expedido, seja em relação à imposição de afastamento do exercício do mandato, causas eficientes do dano psicológico que o levaram a tirar a própria vida. Por isso, respeitado o devido processo legal, é indispensável a apuração das responsabilidades civis, criminais e administrativas das autoridades policiais e judiciárias envolvidas.”
E completou: “Que o legado do Professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo seja, em meio a tantos outros bens que nos deixou, também o de ter exposto ao País a perversidade de um sistema de justiça criminal sedento de luz e fama, especializado em antecipar penas e martirizar inocentes, sob o falso pretexto de garantir a eficácia de suas investigações.”
Discurso emocionado e igualmente forte contra a prisão foi feito pelo ex-senador Nelson Wedekin, há décadas amigo de Luiz Carlos Cancellier, que foi seu assessor de imprensa durante anos.
Começou destacando que “mãos visíveis e invisíveis o empurraram das alturas, mãos que sabem o que é vingança, mas não sabem o que é Justiça. Pessoas que acham que presunção de inocência é inútil complemento da lei.”
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