Polícia usa violência em protesto e fere ao menos 10 jornalistas no Rio
Ao menos dez jornalistas ficaram feridos por estilhaços de bombas de gás lacrimogênio e golpes de cassetete durante uma manifestação no Rio de Janeiro marcada para coincidir com a final da Copa do Mundo. O protesto, que reuniu cerca de 300 pessoas neste domingo na Zona Norte da cidade, foi duramente reprimido pela Polícia Militar.
Criticada por entidades, a operação da PM contou ainda com tropas de choque e cavalaria.
A estratégia dos policiais, conhecida no exterior como “kettling”, foi a de cercar totalmente os manifestantes e impedir que saíssem da Praça Saens Peña, na Tijuca, a menos de dois quilômetros do estádio do Maracanã, para onde queriam marchar.
Questionado sobre o objetivo da operação, o coronel Cristiano Luiz Gaspar, comandante do Regimento de Polícia Montada, disse ainda no local da manifestação que a operação “servia para garantir a segurança das próprias pessoas”.
Para André Mendes, advogado ativista que acompanhava o protesto ao lado de enviados da OAB do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, a interpretação do que ocorreu na praça é outra.
“Traçaram um perímetro urbano e fizeram cárcere privado. Quando alguém tenta sair, eles (policiais militares) forçam a situação e há confronto. E se a pessoa insiste, levam para a delegacia e detêm alegando desacato ou desobediência. É totalmente inconstitucional, estão violando muitos direitos de uma vez só”, diz.
A BBC Brasil e o restante da imprensa nacional e internacional presentes à manifestação testemunharam cenas de violência contra ativistas e jornalistas.
Mauro Pimentel, fotógrafo do site de notícias Terra, teve a lente da câmera quebrada e levou um soco no rosto. “Eu estava de máscara de gás, que foi quebrada com o soco. Foi isso que me salvou, senão teria ficado muito mais ferido”, disse.
“Na confusão das bombas de gás eu caí e a tropa de choque começou a passar por cima de mim. Aí veio um policial e se abaixou; eu achei que ele ia me ajudar mas ele abriu a minha máscara de gás e jogou spray de pimenta no meu olho”, disse Ana Carolina Fernandes, freelancer de agências de notícias.
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