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Policiais que agrediram jovem negro em shopping trabalham em empresa de major da PM

Agressão

De Rafael Soares no Jornal Extra.

A empresa onde trabalham os dois policiais que abordaram um jovem negro no shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, é de um oficial da PM. A Prisma, nome fantasia da empresa Moura Corbage Serviços Gerais Ltda, é do major Marcelo de Castro Corbage, atualmente chefe do Centro de Instrução Especializada e Pesquisa Policial (CIEsPP) da PM. A unidade é responsável pela capacitação de policiais em técnicas especializadas. Entre os cursos ministrados pelo centro estão o de Uso Diferenciado da Força (UDF), Tecnologia de Menor Potencial Ofensivo, Gestão de Multidão e Operações de Controle de Distúrbios.

A informação sobre a atuação da Prisma e de Corbage no shopping foi revelada pelo chefe da segurança do estabelecimento em depoimento à 37ª DP (Ilha do Governador). No relato o homem afirmou que a equipe de segurança do shopping é composta por duas empresas, uma delas atua com vigilantes e porteiros uniformizados. A outra é a do major, cujo serviço consiste no “apoio de inteligência” — agentes à paisana que circulam pelo shopping armados.

No dia em que o entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, foi à loja Renner para trocar um relógio que comprara de presente para seu pai, estavam de serviço como “apoio de inteligência” dois policiais militares: o soldado Diego Alves da Silva, lotado no Batalhão de Choque, que aparece de camisa preta nas imagens; e o sargento Gabriel Guimarães Sá Izaú, lotado no programa Segurança Presente. Os PMs retiraram Matheus da loja, levaram para uma escada de serviço. Segundo o jovem, um dos agentes apontou uma arma para sua cabeça. Os dois PMs prestaram depoimento na 37ª DP na tarde desta segunda-feira.

Segundo informações da Receita Federal, Corbage é um dos sócios da empresa — uma parente do oficial é a sócio-administradora. No entanto, de acordo com o depoimento do chefe da segurança do shopping, Corbage é o “responsável” pela empresa. O Código Penal Militar admite que oficiais da PM possam ser acionistas de uma empresa, desde que não sejam administradores da mesma. O oficial que descumpre a norma comete crime previsto no artigo 204. Já o Estatuto dos Militares, no artigo 29, prevê sanção administrativa para oficiais e praças que não seguem a regra.

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