Política e proximidade com Candomblé fazem Chico Pinheiro sofrer retaliações na Globo

O site Notícias da TV analisa o sumiço do jornalista Chico Pinheiro da TV Globo. Leia alguns trechos:
O veterano Chico Pinheiro, 65 anos, sofreu dois duros golpes em menos de duas semanas. Primeiro, foi excluído do rodízio de apresentadores dos plantões do Jornal Nacional, o que na Globo significa uma contundente demonstração de perda de prestígio. E, a partir do dia 21, o Bom Dia Brasil, do qual ele virou “a cara” nesta década, cederá sua primeira meia hora para os telejornais locais, que passarão a ter mais que o dobro de sua duração –outra clara evidência de decadência.
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A punição da Globo a Chico Pinheiro em plena troca de governo não foi uma mera coincidência. Ela tem motivações políticas e uma outra um tanto insólita: o amor do jornalista pelo samba.
Pinheiro começou a cair em desgraça com a cúpula da Globo (membros da família Marinho inclusos) na noite de 2 de dezembro de 2017, quando resolveu encerrar o sisudo Jornal Nacional com a marca folclórica que imprimiu ao Bom Dia Brasil: fez um discurso louvando o Dia Nacional do Samba, “o samba que é pai do prazer, que é filho da dor”, encerrado com um inédito “saravá e boa noite pra você!”.
O excesso de informalidade associado com uma saudação que remete à umbanda e ao candomblé causou um quiproquó nos bastidores da Globo. Profissionais de plantão tiveram que se justificar (o vídeo está disponível neste link no YouTube).
No Carnaval de 2018, Pinheiro recebeu outra reprimenda de seus chefes. Ele se aproveitou da festa momesca para fazer uma dura crítica à corrupção no governo federal, citando a frase “Tem que manter isso, viu?”, do então presidente Michel Temer, flagrado na delação premiada do empresário Joesley Oliveira defendendo o pagamento de benesses para o deputado cassado Eduardo Cunha Lima.
Dois meses depois, Pinheiro causou outro terremoto nos corredores da Globo. Coube a ele apresentar a edição do Jornal Nacional que noticiou a histórica prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por quem nunca escondeu simpatia. Diferentemente do dia do samba, desta vez o âncora adotou um tom de funeral –teve gente que jura que viu seus olhos marejados.
No dia seguinte, começou a circular pelo WhatsApp um áudio em que Chico Pinheiro fazia uma apaixonada defesa de Lula e criticava sua prisão. Ele nunca assumiu a autoria publicamente, mas o fez a seus superiores e colegas de TV.
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