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Por que o iPhone e a China preocupam a Apple

Da bbc:

Os investidores da Apple estão assustados: embora 2015 tenha sido um ano vigoroso, algo peculiar aconteceu neste mês: o preço da ação da Apple caiu para menos de US$ 100 (R$ 410) pela primeira vez desde outubro de 2014.

Há muitos rumores no ar, mas é nesta terça-feira que realmente saberemos se 2016 será um ano difícil para a gigante da tecnologia – é nesta terça que devem ser divulgados dados de seu desempenho recente e expectativas para os próximos meses.

É nesse momento que a companhia apresenta suas preocupações, os problemas que mantêm seus executivos acordados à noite (ou ao menos estressados nas salas de reuniões).

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Investidores aflitos temem que a Apple diga o seguinte: pela primeira vez, as vendas do iPhone estão caindo.

Sim, caindo. As vendas do iPhone.

De acordo com os últimos números revelados pela Apple – que são de outubro –, as vendas do iPhone são responsáveis por 63% de todo o faturamento da empresa. E partir dele, aliás, é que as pessoas compram apps, assinam o serviço de streaming de música Apple Music e fazem uma série de coisas que também impactam na saúde financeira da empresa.

Os outros produtos da companhia nem chegam perto disso. A família Mac, de computadores e notebooks, se saiu bem diante de um grande declínio vivido pela indústria da qual faz parte – mas representa apenas 13%.

Já o grupo iPad é responsável por 8% – embora deva ganhar um impulso com o recente lançamento da nova linha iPad Pro, que, focada no mercado de empresas, vem com um teclado e uma caneta para escrever na tela do tablet.

A maior aposta recente é o Apple Watch. Ainda não está claro o quão bem-sucedido o relógio tem sido, uma vez que suas vendas são incluídas dentro da categoria “outros”, na qual estão ainda ainda o tocador de música iPod, os fones de ouvido Beats e vários outros produtos.

Juntos, os eletrônicos da categoria “outros” respondem por apenas 6% do total faturado pela empresa.

O relógio provavelmente teve uma boa performance no Natal, e daí a Apple talvez comece a jogar uma luz sobre como tem sido seu desempenho. Mas vamos ter de esperar para ver.

Enquanto isso, a dependência do iPhone é o que mais preocupa os investidores.

A Apple se beneficia há anos de um comportamento conhecido como “consumo repetido”: os dados mostram que as pessoas que têm o smartphone tendem a trocá-lo por um modelo mais novo dele em vez de ir para outras marcas, como Samsung e Motorola.

O problema é que a Apple já vê um teto no horizonte quando se trata da atração de novos clientes.

Por isso a China é tão importante.

A Apple faz mais dinheiro no gigante asiático do que em toda a Europa, e, pelo que tudo indica, até os Estados Unidos devem ser ultrapassados em breve.

“Se a China cai, a Apple cai também”, afirmou Daniel Ives, da empresa FBR Capital Markets, investidor da Apple.

“Eles realmente apostaram tudo na oportunidade gerada pelo crescimento da China.”

Quase todos os ganhos da Apple no ano passado ocorreram graças à expansão chinesa – novas lojas e novos consumidores que, até muito recentemente, tinham de lidar com cópias baratas e mal feitas de um produto desejado.

Mas a instabilidade da economia chinesa abalou os mercados globais. E se o desempenho do país continuar caindo, talvez fique difícil para a Apple manter seu crescimento a longo prazo.

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