Por que os carros elétricos ultrabaratos da China preocupam o próprio governo

A China, que antes preocupava o Ocidente com sua capacidade de fabricar carros elétricos ultrabaratos, agora vê um problema dentro de casa. Em maio, a BYD — maior fabricante do país — reduziu os preços de 22 modelos, incluindo o Seagull, que passou a custar apenas US$ 7.700 (R$ 43 mil), conforme informações da revista britânica The Economist.
A ofensiva acentuou a guerra de preços e gerou reação do governo chinês, que alertou: “não há vencedores na guerra de preços, muito menos um futuro”. As autoridades prometeram conter a competição desenfreada, que ameaça a segurança dos veículos e desestimula investimentos em pesquisa.
O People’s Daily, jornal porta-voz do Partido Comunista Chinês, criticou os modelos de “baixo preço e baixa qualidade”, temendo danos à imagem do “made in China”. Com mais de 100 marcas de veículos elétricos no país, apenas algumas são lucrativas. A disputa por fatias de mercado afeta margens, lucros e a saúde do setor.
O presidente da Great Wall Motor chegou a comparar o setor automotivo ao colapso da Evergrande, gigante da construção civil: “Agora, a Evergrande da indústria automobilística já existe, mas ainda não explodiu”. A BYD rebateu, chamando os comentários de “alarmistas”. Ainda assim, o corte de preços já levou outras montadoras a seguir o mesmo caminho para não perderem espaço.