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Por que os países do Ocidente evitam criticar a Arábia Saudita?

Da BBC:

A execução, pela Arábia Saudita, de 47 pessoas acusadas de terrorismo, entre elas o clérigo xiita dissidente Nimr al-Nimr, provocou reprovação de parte da comunidade internacional e deflagrou um conflito diplomático com o Irã nos últimos dias.

Governos de potências ocidentais, como o dos EUA, questionaram as execuções, mas organizações de direitos humanos alegam que esse questionamento foi muito menos enfático do que seria se as execuções tivessem ocorrido em outro lugar que não a Arábia Saudita.

Mais: o Conselho de Segurança da ONU divulgou comunicado sem mencionar as execuções, mas apenas condenando os ataques contra instalações sauditas no Irã que ocorreram em represália às mortes, registradas no último sábado.

Isso contrasta com a resposta do Irã, o principal rival xiita do reino saudita (sunita), que foi contundente ao rechaçar a execução do clérigo al-Nimr, o que acabou motivando o rompimento das relações diplomáticas entre os países.

Organizações e especialistas vieram a público defender a necessidade de o Ocidente criticar a Arábia Saudita com maior ênfase.

Citam como motivo as violações de direitos humanos praticadas por esse país do Golfo Pérsico – a Anistia Internacional apontou dez tipos de violações – e a submissão enfrentada pelas mulheres no país.

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Petróleo, dinheiro e armas

Mas também há outros motivos. Para Mariano Aguirre, diretor do Centro Norueguês para Construção da Paz, há diversos interesses comuns que explicam esse comportamento.

Em primeiro lugar, diz, está a condição de país exportador de petróleo da Arábia Saudita, que durante décadas liderou as vendas mundiais do produto.

Essa riqueza permitiu, de acordo com Aguirre, que Riad se convertesse em um grande investidor nos centros financeiros mundiais, como Londres.

“Isso acarretou um forte clientelismo no setor financeiro internacional, que persiste até hoje”, disse.

O especialista lembra também que a Arábia Saudita é um dos principais compradores de armas do mundo, tanto dos EUA como da Europa Ocidental.

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