Portugal antecipa lockdown e médicos brasileiros relatam caos nos hospitais por covid

De Lauro Neto no Sputniknews.
Devido à escalada no número de casos de COVID-19 na última semana, o governo português deve antecipar o confinamento para esta quinta-feira (14). Profissionais de saúde brasileiros que trabalham no país relataram à Sputnik Brasil um cenário de caos nos hospitais.
A entrada em vigor do novo estado de emergência estava prevista para dois dias depois. A média diária de novos casos quase duplicou de 4.689 para 8.062 em uma semana, levando à antecipação da decisão, conforme noticiou o jornal Público neste domingo (10). Na próxima quarta-feira (13), o Conselho de Ministros deve aprovar regras de confinamento semelhantes às da primeira onda, em março e abril de 2020: fechamento do comércio, incluindo restaurantes, apenas liberados para entregas e take away.
A exceção são as escolas, que vão permanecer abertas, assim como farmácias e mercados. As medidas devem durar 15 dias a princípio, podendo ser renovadas caso não haja queda no número de casos. Segundo o jornal português, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa deve assinar o decreto na própria quarta-feira, depois de a Assembleia da República aprovar a autorização para as medidas.
Na sexta-feira (8) e no sábado (9), o primeiro-ministro António Costa reuniu-se com lideranças dos partidos que têm representação parlamentar para discutir as medidas restritivas. Houve consenso quanto à necessidade da implementação de um novo lockdown. Costa se mostrou preocupado com a situação, como publicou em sua conta no Twitter.
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Profissionais de saúde brasileiros que estão na linha de frente do combate à COVID-19 dizem que o cenário é ainda pior do que na primeira onda da pandemia. Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico baiano Marcelo Lustosa, que trabalha no Hospital de Setúbal, relata que, desde a última quarta-feira (6), a situação se agravou, com incapacidade de atender todos os pacientes. Segundo boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), havia 3.770 doentes internados neste domingo, 726 a mais do que uma semana antes.
“Quarta foi o dia que a coisa estourou. No Covidário, nunca tinha acontecido de não conseguir atender pacientes. Mas não conseguimos dar conta. Para cada paciente que liberávamos, entravam mais cinco. Desistimos de atender os verdes [pacientes com menor gravidade na escala da triagem], que estavam esperando há oito horas. É algo que nunca vi. Acho que vamos ter algumas semanas de Itália, naquele inferno da primeira onda da pandemia”, prevê Lustosa.
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