Prédio que gira, mas não vende: o fracasso do Suite Vollard em Curitiba

Inaugurado em 2004 como o primeiro prédio giratório do mundo, o Edifício Suite Vollard, em Curitiba, foi concebido para permitir que cada um de seus 11 apartamentos girasse 360 graus de forma independente, com comando de voz. A proposta, considerada revolucionária na época, colocava a capital paranaense no mapa da inovação arquitetônica, mas nunca se traduziu em sucesso comercial. Nenhuma unidade chegou a ser habitada, e o prédio permanece vazio há duas décadas.
Idealizado pelo arquiteto Bruno de Franco e construído pela Moro Construções, o empreendimento enfrentou dificuldades desde o início. As unidades, vendidas por cerca de R$ 835 mil (equivalentes a R$ 2,5 milhões hoje), não atraíram compradores e o imóvel acabou penhorado por dívidas judiciais. Mesmo com tentativas de leilão em 2022, quando os preços foram reduzidos à metade, apenas uma unidade foi vendida.
De acordo com os criadores, o fracasso do projeto se deveu ao descompasso entre inovação e mercado. “Fizemos um prédio redondo em uma cidade quadrada”, resumiu Bruno, em referência ao conservadorismo do público curitibano. Sem documentação para habitação e sem manutenção adequada, o edifício se deteriora, vigiado apenas por um segurança particular.
O Suite Vollard chegou a ser destaque em veículos internacionais como The New York Times e The Economist, e inspirou boatos sobre compradores famosos, como Xuxa. Hoje, o prédio é visto como um símbolo de ambição frustrada na arquitetura brasileira. Para Bruno, uma transformação em hotel poderia dar nova vida ao espaço: “O hóspede gira, aproveita e vai embora. Seria o destino ideal para ele”.
