Presidente da OAB diz que Dallagnol deveria se afastar

O advogado Felipe Santa Cruz (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Da Época:

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desde o início deste ano, afirmou em entrevista a ÉPOCA que a recomendação de afastamento do ministro da Justiça Sergio Moro e do procurador da República Deltan Dallagnol é uma tentativa de preservar a imagem da Operação Lava Jato após o vazamento de conversas entre ambos. O Conselho Federal da OAB decidiu na segunda-feira, de forma unânime, manifestar “perplexidade” com o conteúdo divulgado pelo site The Intercept Brasil e recomendar que os envolvidos peçam afastamento, “especialmente para que as investigações ocorram sem qualquer suspeita”.

O presidente da OAB criticou o conteúdo das conversas entre Moro e Dallagnol, que teriam debatido o uso de testemunhas de acusação e até a ordem de determinadas fases da Lava Jato. Em nota, a OAB mostrou preocupação com a possibilidade de que autoridades tenham sido hackeadas.

Confira a seguir a entrevista:

Por que a sugestão de que Moro e Dallagnol se afastem de cargos públicos?

Na presidência de Itamar Franco, houve a investigação sobre o ministro [da Casa Civil] Henrique Hargreaves, que era seu braço direito. A orientação foi que ele se afastasse do cargo, fizesse sua defesa e só depois regressasse. Qual é a preocupação agora? O ministro Moro comanda a Polícia Federal. É muito difícil, com um ministro da Justiça potencializado como está, não transparecer uma influência na própria investigação ou em sindicâncias que serão abertas. A recomendação foi feita a ele como um homem público, para que se defenda.

O mesmo se aplica a Dallagnol?

Ele [Dallagnol] comanda a talvez mais importante força-tarefa do Ministério Público Federal, na qual a população brasileira depositou nos últimos anos grandes esperanças de moralização, de fim da impunidade. [O afastamento de Dallagnol] é até para preservar a Operação Lava Jato, os processos, a imagem que se tem dela. Acho muito ruim que o método da Lava Jato acabe sendo desacreditado, porque ela colocou fim à ideia de impunidade da classe dominante. Isso seria muito grave para a fé que a população tem na Justiça.

(…)

Larissa Bernardes

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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