Primeiros dias de Bolsonaro demonstram “agressividade e improvisação” , diz Le Monde

Do RFI:
O jornal Le Monde que chegou às bancas nesta segunda-feira (7) trouxe em sua capa uma foto do novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que oscila entre iniciativas radicais e hesitações políticas, segundo o diário. “O início tumultuoso de Bolsonaro”, diz o título da matéria de capa, que fala “do ataque aos direitos dos povos indígenas e da comunidade LGBT”.
“Dois dias após sua posse, Bolsonaro teve o cuidado, no dia 3 de janeiro, de retirar as cadeiras vermelhas do Palácio Presidencial da Alvorada, em Brasília”, diz o jornal, lembrando que a cor é associada ao comunismo pelos membros do partido Partido Social Liberal (PSL), que preferem o azul, visto como “mais de direita”.
Enquanto alguns veem apenas um detalhe, outros enxergam um verdadeiro símbolo da obsessão de um governo dedicado a procurar “inimigos imaginários”, no lugar de propor um verdadeiro programa político, ressalta Le Monde. A marca de Bolsonaro, para o jornal, é a de um poder “que mistura agressividade e improvisação”.
Uma inauguração de governo fracassada, segundo análise do professor de ciência política Carlos Melo, entrevistado pelo Le Monde. “Mesmo os mais tolerantes dirão que, até agora, só tivemos momentos vazios de sentido. Isso não dá uma boa imagem”, diz o especialista. “Do discurso do próprio presidente ao de seus ministros, as mídias brasileiras tiveram a impressão de que o governo ainda estava em sua campanha, com um chefe de extrema direita pronto a criticar sua oposição e ministros prometendo combater os ‘inimigos da pátria’, atacando o ‘socialismo’ e desprezando o ‘globalismo’”, afirma o jornal francês.
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