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Príncipe bolsonarista crê na volta da monarquia: ‘Deus é brasileiro e vai nos ajudar’

Dom Bertrand em micareta pró-Bolsonaro de 2018

Do portal da Carta Capital:

O ABC paulista, local que foi palco das lutas sindicalistas e com presença marcante do Partido dos Trabalhadores, recebeu o primeiro encontro dos monárquicos brasileiros da região. Na noite desta quarta-feira 17, no Teatro Municipal de Santo André, os defensores da volta da família real ao poder se reuniram para discutir o cenário político atual e as características do regime que deixou de existir no país há 130 anos.

A noite era de gala, afinal, contaria com a presença do líder do movimento que pede a volta da monarquia no Brasil, o herdeiro do trono real Dom Bertrand Maria José de Orleans e Bragança. O detentor do título de príncipe tem 78 anos, é advogado e autor do livro “Psicose Ambientalista”, que faz duras críticas aos defensores do meio ambiente. Livro esse que foi utilizado como argumento por Bolsonaro ao criticar países europeus que pressionaram o Brasil na defesa da Amazônia.

O representante da realeza conseguiu reunir muitos defensores do regime. No saguão da entrada do teatro, pessoas vestidas com ternos e usando broches do brasão da monarquia esperavam para entrar. Junto delas estavam alguns militares do Exército vestidos com a farda camuflada. O primeiro da fila era Arthur. Diferente da maioria, ele não vestia terno nem carregava o brasão, escolheu apenas uma jaqueta marrom e uma calça jeans para ir ao evento.

Foi a primeira vez que o programador de computadores compareceu a uma reunião que discute monarquia, mas há mais de cinco anos o paulista estuda sobre o assunto. “Defendo a monarquia, pois acredito que só assim conseguiríamos colocar ordem no País”, disse.

Arthur mora em Mauá e foi até Santo André para ver seus ídolos discursarem. Ele, que votou em Bolsonaro nos dois turnos, disse que se pudesse daria seu voto para alguém mais parecido com a ex-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher. Mas o ex-capitão foi a opção que sobrou. “Acho que Bolsonaro segue mais a linha progressista inglesa. Sou contra. Lá a ideologia de gênero é mais aceita, precisamos barrar isso aqui”, disse ele.

Já sobre a República, Arthur é categórico: “Sou contra. Tivemos golpes atrás de golpes. Não dá certo”, explicou. Mas quando perguntado sobre a ditadura, ele gaguejou. “É, realmente era uma ameaça comunista no Brasil. É complicado.”

Enquanto justificava sua posição política, Arthur chegou a dizer que a emissora de televisão Globo transmite, através de suas novelas, a ideologia de esquerda. Isso, segundo ele, era um plano para doutrinar a população e abrir caminho para que algum partido político conseguisse colocar o comunismo em prática no Brasil. “Eu leio muito. Essa teoria da Globo é de Flávio Gordon”, justificou.

Entrada liberada. Nesse momento a fila dava voltas no saguão. Segundo os organizadores, 200 pessoas estavam presentes. Desse total, apenas dois homens eram negros. Mulheres estavam em grande quantidade, mas ainda assim eram minoria. Do total, 20% do público era feminino. E por mais que tivesse muitos jovens presentes, a maioria dos defensores da monarquia naquele ambiente eram pessoas mais velhas.

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