Prisão de Cerveró foi decretada por transferência de imóveis e movimentação financeira suspeita
Do Globo:
A ordem de prisão de Nestor Cerveró estava expedida pela Justiça Federal desde o dia 1º de janeiro, segundo revelou o advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Edson Ribeiro. O advogado afirmou ainda que considerou ‘risível’ a justificativa para a detenção de seu cliente. Segundo o Ministério Público Federal, o pedido de prisão preventiva foi feito pois “há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça”.
O MPF assegura ter obtido informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) de que logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso do Judiciário, que o ex-diretor tentou transferir para sua filha R$ 500 mil. Cerveró também transferiu recentemente, conforme noticiou o GLOBO, três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil.
Segundo Ribeiro, Cerveró tentou de fato transferir R$ 500 mil para sua filha, que sofre de uma doença, e o dinheiro poderia ser necessário para alguma emergência enquanto estivesse fora do pais. Mas não o fez, disse o advogado. A outra justificativa para a ordem de prisão de Cerveró, por conta da transferência de imóveis para familiares, o advogado diz não acreditar que o magistrado responsável pelo processo tenha considerado isso um crime.
– Me recuso a acreditar que um juiz tenha considerado isso crime. Não existem elementos para essa prisão. Doutor Sergio Moro jamais faria isso. Foi um juiz de plantão – disse o advogado, que acrescentou:
– Se isso fosse crime, tranferir bens antes de qualquer denúncia, então porque não mandaram prender a presidente da Petrobras, Graça Foster, que também transferiu imóveis para familiares? Isso não é crime.
O advogado afima que nem ele, nem Cerveró, tinham conhecimento que a ordem de prisão já estava expedida desde o início de janeiro. Ribeiro afirmou ainda que seu cliente não era um foragido, e que informou à Justiça que Cerveró viajaria para Inglaterra.
– Meu cliente estava em Cambridge, voltou e prestaria depoimento na quinta ao MP do Rio sobre vazamento de informações sobre Pasadena e seria citado, em casa, na sexta-feira, sobre a denúncia que corre no Paraná. Ele sempre colaborou com a Justiça
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras foi preso pela Polícia Federa, pouco depois da 0h30m desta quarta-feira, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Ele voltava ao Brasil num voo que vinha de Londres, onde fora passar o Natal e o réveillon com a família da mulher. Segundo o advogado Edson Ribeiro, o MPF e a PF foram avisados e a viagem foi monitorada todo o tempo.
Após ser retirado de dentro de uma aeronave, antes mesmo de desembarcar, Cerveró foi encaminhado para uma sala da Polícia Federal no aeroporto, de onde foi encaminhado para a delegacia da PF de Curitiba, onde estão presos os outros investigados na Operação Lava Jato.