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Produção maciça e consistente de vídeos fez canais de extrema direita crescerem no YouTube

Kim Kataguiri atacando Paola do MasterChef. Foto: Reprodução/YouTube

Do Intercept.

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Uma análise dos números absolutos – a quantidade de vezes que um canal apareceu no “Em alta” – também dá pistas sobre o tipo de conteúdo destacado pelo YouTube no segundo semestre de 2018.

O canal que apareceu mais vezes no ranking foi o “Troom troom PT” [o PT vem de “português”], uma fábrica obscura de virais que emplacou seus vídeos 15.992 vezes no “Em Alta”. À primeira vista, parece um canal de faça-você-mesmo. Um olhar mais atento, no entanto, revela que seu forte são as pegadinhas envolvendo a ingestão de coisas estranhas que as personagens fabricam em cena – e seus maiores sucessos são caça-cliques, com imagens apelativas que não correspondem ao conteúdo dos vídeos. Algo que, vale lembrar, o YouTube diz que não permite.

O segundo lugar é ocupado pelo “Você Sabia?”, um canal de curiosidades que costuma espalhar alarmismo pseudo-científico, como a notícia falsa de que um asteroide que estaria em rota de colisão com a terra.

E o terceiro, com 15.662 aparições no ranking, é de política: o CRISTALVOX, do advogado Leudo Costa. Relativamente pequeno, o canal tem 289 mil inscritos e nenhum grande hit. Só um de seus vídeos quebrou a barreira dos milhões – “José de Abreu chama o povo brasileiro de ladrão no Faustão”, vídeo de um minuto crítico ao ator declaradamente de esquerda. Sua estratégia é o volume: Costa tem uma produção maciça e consistente de vídeos, quase sempre lives de mais de uma hora com o advogado falando sozinho.

Até setembro, véspera das eleições, o canal era desconhecido e não havia figurado nem no top 20 do YouTube – até ser descoberto pelo algoritmo. No período eleitoral, estourou: a cada dez vídeos publicados, sete entraram no ranking “Em Alta”. No total, 383 vídeos do canal – 26% do total – receberam o empurrão do Google para ampliar sua audiência.

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