Professor citado em “dossiê antifascista” diz que teve dados vazados pelo governo
Do Uol

A invasão de privacidade com a posterior divulgação de dados sigilosos foi cogitada hoje por um dos 579 nomes citados no dossiê confeccionado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A ação do governo, revelada em julho pelo colunista do UOL Rubens Valente, e alvo de manifestação contrária por parte do STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada, mirou três professores universitários e servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo”.
Quem afirma é um desses professores, o antropólogo, cientista político e escritor Luiz Eduardo Soares. (…) Ele diz não ter sido o único da lista investigada em sigilo pelo Ministério da Justiça a ter observado movimentação do tipo. “No mesmo momento, um colega meu que também estava na lista teve seu telefone clonado. (…)
A existência da lista foi revelada por Valente no último dia 24 de julho, uma sexta-feira. “Na segunda [seguinte], antes das 8h, uma colega da minha esposa nos liga e diz que, ao ligar o computador, aparecem todos os logins e senhas de contas dela [da mulher de Soares] e minha, em uma comunidade onde minha mulher faz trabalho contra a violência doméstica. Aí, a coisa começou a ficar esquisita. Por mais que eu aposte em circunstâncias gratuitas e aleatórias, essa última foi pesada”, classificou.
A confirmação de que o ministro da Justiça, André Mendonça, realizou um relatório de inteligência por meio da Seopi (Secretaria de Operações Integradas) acabou sendo feita duas semanas depois que o UOL revelou a existência do documento — durante uma sessão virtual, fechada ao público, da CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso Nacional. (…)