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Promotor chama de “vagabundo” estudante morto pelo pai e pede desculpas

Do G1:

Uma postagem do promotor de Justiça e professor de Sorocaba (SP), Jorge Alberto de Oliveira Marum, causou polêmica nas redes sociais nesta quarta-feira (16). O advogado afirmou no Facebook que o jovem morto pelo pai em Goiás após uma discussão seria “vagabundo”. Por conta da repercussão, a publicação sobre o caso foi apagada e o promotor pediu “desculpas aos ofendidos.”

O caso comentado pelo promotor aconteceu em Goiânia na terça-feira (15) quando estudante Guilherme Silva Neto, de 20 anos, foi perseguido por pelo menos um quarteirão antes de ser morto a tiros pelo pai, o engenheiro civil Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos.

No Facebook, o promotor compartilhou uma reportagem sobre o caso. “Não precisava tanto. Era só cortar a mesada do vagabundo e chorar no banho”, escreveu. A publicação repercutiu e acabou apagada durante a tarde.

Na sequência, Marum publicou um pedido de desculpas, afirmando que o comentário foi “infeliz e inapropriado”, mesmo não concordando com as ocupações de escolas. “Retirei o post e peço desculpas a quem ficou sinceramente ofendido”, disse.

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, Alexandre – que cometeu suicídio após o crime, já havia baleado o jovem, que teria conseguido fugir. Ainda segundo a polícia, pai e filho discutiram pelo fato de Guilherme ter envolvimento com movimentos sociais, o que não era aceito pelo pai e teria provocado o conflito familiar.

Conforme consta no registro da ocorrência, Alexandre não concordava com o comportamento e o modo de ser do filho, considerado “alternativo e revolucionário”. Guilherme era ligado a movimentos sociais, incluindo as ocupações de escolas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para o aumento dos gastos públicos.

Em entrevista ao G1 nesta quinta-feira (17), o promotor afirmou que apagou a postagem por achar que teria ficado “ofensivo para a família” da vítima. “Nesse caso foi impróprio, porque é um drama que escrevi sem saber as circunstâncias do caso. Foi um comentário de momento, sem reflexão, em uma página pessoal em que acabamos escrevendo por impulso. Tenho um cargo público, mas sou um cidadão como qualquer outro com liberdade de expressão e opinião”, diz.