Provocação de Bolsonaro sobre proximidade de embaixada em Brasília preocupa palestinos
Do Globo:
“Por que vocês querem tanto saber como é nossa embaixada? Espero não mostrá-la a Israel. Eles querem apagar a História palestina e isso aqui é uma provocação.”
Foi assim que o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, reagiu ao saber do interesse do GLOBO em conhecer a área de 16 mil metros quadrados que acabou na mira do presidente eleito Jair Bolsonaro. A embaixada está situada a menos de um quilômetro do Palácio do Planalto — se o visitante for a pé e em linha reta. Essa curta distância está sendo usada por Bolsonaro como justificativa para uma possível remoção da representação palestina do local por motivos de segurança. Para quem vai de carro, o percurso é de 3,8 km. (…)
A embaixada é uma réplica da Cúpula da Rocha, ou Domo da Rocha, uma das grandes obras da arquitetura islâmica, do século VII, na Cidade Velha de Jerusalém. Alzeben ressaltou que a legislação do Distrito Federal determina que as representações diplomáticas façam alguma alusão ao país de origem. Segundo ele, a cúpula dourada foi um presente dos palestinos aos brasilienses.
— É uma versão diferenciada do Domo da Rocha. Toda mesquita da Palestina tem essa cúpula dourada, que representa a arquitetura monoteísta, ou seja, refere-se a muçulmanos, judeus e cristãos — disse o embaixador que, entre uma declaração e outra, recebia mensagens, dava telefonemas e tentava aproveitar a presença de Jair Bolsonaro na capital para conseguir, sem sucesso, uma audiência com o presidente eleito.
Em seu semblante, era clara a preocupação com as últimas declarações de Bolsonaro sobre uma possível mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. (…)