Apoie o DCM

Provocações de Bolsonaro esfriam relações diplomáticas com a França

Jair Bolsonaro. Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

Da RFI.

“Insuportável” devido à presença de imigrantes, “mau exemplo” em política de fronteiras, ou ainda a ameaça de abandonar o Acordo de Paris sobre o Clima. Antes ou depois de assumir a presidência, Jair Bolsonaro não hesitou em multiplicar as críticas diretas à França, numa postura que causa desconforto na diplomacia e pode acabar em prejuízos comerciais.

Desde que a chancelaria brasileira assumiu uma posição alinhada aos Estados Unidos, Paris se tornou um dos alvos preferenciais de Bolsonaro na cena internacional. Não à toa, o último disparo ocorreu durante a visita do presidente brasileiro a Washington, quando argumentou que “quem é favorável ao socialismo deve olhar para a experiência da França, que abriu suas fronteiras a todo tipo de refugiado” e “é um mau exemplo”.

Uma fonte diplomática francesa reconhece que as declarações causam “estranheza” e “com certeza não ajudam a relação bilateral”. Para o economista Thomás de Barros, professor e pesquisador do Cevipof, ligado à Sciences Po, de Paris, o impacto acaba por se tornar negativo ao colocar o diálogo de alto nível com a França sob uma perspectiva conflituosa.

“A relação entre o Brasil e a França ou com a União Europeia é muito maior do que qualquer governo que venha a se instalar tanto no Brasil quanto na França. Não acho que estejamos em uma situação de regressão, mas o que vivemos atualmente é uma situação de imobilismo”, comenta o pesquisador. “Não estamos indo para frente, abrindo mão de uma série de oportunidades para fazer novas parcerias e aprimorar a nossa relação. Ela vai acabar esfriando, ou ao menos em ponto morto, pelos próximos três anos.”

(…)