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PT precisa fazer “exame de consciência”, diz ministro Patrus Ananias

Do ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, em entrevista ao GLOBO:

 

As eleições de 2016 serão uma prova de fogo para o PT?

Para ser sincero, acho que vai ser uma eleição muito difícil. Para todos, por causa do descrédito com a política. Acho que vão aumentar abstenção, brancos, nulos. Lamentável, pois são pessoas que poderiam votar conscientemente nos melhores candidatos, os mais qualificados do ponto de vista de projetos e de valores morais, seja de qual partido for. Aí cresce também, por outro lado, o eleitorado movido a dinheiro, manipulações religiosas ou outras formas de manipulação. Com isso vem o rebaixamento do nível político de que falamos antes.

O senhor compartilha da análise de que o PT poderá sofrer muitas derrotas nas eleições deste ano?

Poderá. Faz parte do processo político. É o momento de o partido fazer uma reavaliação, um exame de consciência, uma autocrítica construtiva. O meu temor é que se elejam dentro do partido exatamente os que têm esses outros canais. Isso é um risco também. Que os mais representativos do melhor da tradição petista, daquilo que sempre defendemos, sejam prejudicados em função de outros que tenham esses canais, como controle de aparelhos no interior, compra de voto e apoios.

A oposição classifica a ameaça de retrocesso, no caso de a presidente Dilma ser impedida, como uma falácia do governo. De onde vem a certeza que haverá retrocesso social?

Pelas forças políticas, é uma questão histórica. Não gosto de colocar política em termos maniqueístas: o bem e o mal. Até porque tenho amigos em vários partidos, inclusive no PSDB, no DEM. Mas não tenho dúvida das prioridades, basta ver os processos eleitorais dos últimos anos, de quem tentou viabilizar o impeachment, que foram os setores mais à direita do PSDB e do DEM.

O aliado PMDB também deu uma boa contribuição.

Uma parte do PMDB (contribuiu). Mas foram outras forças que puxaram a campanha do impeachment desde o início, logo depois das eleições, numa espécie de terceiro turno para inviabilizar o governo Dilma.