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PUCCAMP demite professor que defendia direitos humanos

Professor e jurista José Henrique Rodrigues Torres

A CONTEE informa que depois de 30 anos de dedicação à Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), o professor de Direito e renomado jurista Jose Henrique Rodrigues Torres foi demitido, sem explicação. Fala-se em motivação ideológica, devido aos seus posicionamentos democráticos e humanistas, com intervenções e artigos favoráveis à descriminalização do uso de drogas e à legalização do aborto.

Segundo a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta, “a PUCCAMP perde um profissional brilhante, competente, defensor das boas causas e um professor dedicado, referência para a nossa categoria. Sua demissão empobrece a PUCCAMP e a instituicao deve um esclarecimento sobre as razões da demissão. Seu caso exemplifica uma situação que deve estar sendo muito comum em todo o Brasil: a instituição demite sem esclarecer as razões”.

Ele escreveu a carta abaixo, comunicando o fato às pessoas queridas:

“Querid@s

Ontem, recebi a comunicação de minha “demissão” da PUCCAMP a pedido da Direção da Faculdade de Direito.

Lamento, profundamente, pois, nesses últimos trinta anos de lealdade à PUC e dedicação à ensinagem, as veredas da minha vida confundiram-se com os caminhos que me levavam pelos corredores da Faculdade de Direito ao encontro dos meus amados alunos e alunas, sempre sob “a mágica presença das estrelas”, como diria Quintana.

Sempre acreditei em uma educação libertadora, capaz de transformar o mundo em um mundo mais justo e mais humano.

E isso, para mim, foi sempre libertador e transformador!

Agora, resta-me continuar a minha caminhada, em busca do horizonte, levando no coração todos vocês, querid@s e inesquecíveis amig@s!

Um longo e afetuoso abraço.

E, como aprendi com Drumond,

“Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas!

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história!

Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela.

Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.

Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria,

o tempo presente, os homens presentes

A vida presente”