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Quem é o especialista em Previdência que não sabe fazer conta

Pedro Fernando Nery. Foto: Reprodução/Twitter

De Pedro Paulo Zahluth Bastos na CartaCapital.

Era uma vez um especialista em Previdência Social que gostava de contar fábulas para os senadores que assessorava. Ele se chamava Pedro Nery.

Ele não era bom com os números, mas era um excelente sofista. Conseguiu convencer um senador do Ceará a votar contra o interesse de seu estado, ou melhor, dos aposentados pobres de seu estado.

Lá no Ceará, como em outros estados que ainda se desenvolvem, a Previdência é muito importante para proteger os idosos da pobreza e animar a economia. Em 2017, dos 184 municípios, 173 recebiam mais recursos na forma de benefícios da Previdência do que do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que redistribui recursos na União.

E só oito municípios cearenses geravam mais contribuições para a Previdência do que recebiam benefícios. Outros 176 recebiam grande impulso econômico a cada mês em que os aposentados pagavam contas da família com benefícios da Previdência.

Assim, o Ceará recebeu quase 16 bilhões da Previdência, mas arrecadou apenas 8,66 bilhões, quase a metade. Do FPM, as cidades do Ceará receberam só 3,86 bilhões, quatro vezes menos do que o valor recebido em benefícios previdenciários.

(…)

Pensando nestes trabalhadores pobres do Ceará, vamos acompanhar a última fábula do especialista em Previdência Social, a história de um engenheiro paulistano que se aposentou com 56 anos (com as regras de hoje) e de Jorge, um pintor cearense que só poderá se aposentar com 68 anos.

Para o fabulista Pedro Nery, isto é injusto. Logo, apoiemos a Reforma da Previdência de Bolsonaro!

O problema é que, se Nery fizesse as contas, perceberia que a reforma amplia a desigualdade e prejudica o coitado do Jorge. Vamos contar o resto da história.

(…)

Pelo jeito, o fabulista Pedro Nery é bom de lábia, mas é muito ruim de conta. Pobres dos eleitores dos senadores que ainda o ouvem.