Quem são e o que buscam os Socialistas Democráticos, movimento que empurra os Estados Unidos para a esquerda
De Ángel Bermúdez da BBC.
Eles são um dos fenômenos políticos do momento nos Estados Unidos. Os socialistas democráticos (DSA, na sigla em inglês para Socialistas Democráticos da América) passaram de 5.000 membros para 52.000 entre 2015 e 2018. E continuam crescendo.
Eles alcançaram esse feito sendo associados a um rótulo com a pior imagem na história política dos EUA: o socialismo.
Paradoxalmente, muito do seu crescimento se deve ao atual presidente republicano, Donald Trump.
“Temos visto picos no aumento das filiações: aumentaram quando Trump ganhou a eleição, quando assumiu o cargo e, praticamente, toda vez que o governo tomou uma decisão muito opressiva ou incomodou muita gente nos últimos dois anos”, explica à BBC News Mundo Kristian Hernandez, copresidenta da DSA do norte do Texas.
Mas o socialismo democrático pregado pelo grupo não é a defesa de um Estado socialista. O que essa ala mais à esquerda do Partido Democrata propõe são medidas que regulem a economia americana de maneira democrática, fazendo, por exemplo, as grandes empresas agirem a favor dos interesses da população; eles também querem aumento real do salário mínimo e melhorar a igualdade social com o Estado oferecendo saúde e educação gratuitas.
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É o caso, por exemplo, da latina Alexandria Ocasio-Cortez, uma “millenial” (como são chamados os que nasceram entre os anos 1980 e 1995) que conseguiu a candidatura por Nova York à Câmara de Representantes.
A jovem de 28 anos se impôs a Joe Crowley, que ocupa uma cadeira no parlamento desde 1999 e foi visto como um possível substituto de Nancy Pelosi como porta-voz dos democratas no Congresso.
Ocasio fez campanha sem aceitar contribuições de grandes empresas, com muito ativismo social e gastando menos de um quarto do orçamento de seu concorrente.
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A estratégia aplicada por Ocasio foi semelhante à do senador Bernie Sanders durante as primárias para a candidatura presidencial democrata em 2016.
Isso não aconteceu por acaso. Ocasio trabalhou como voluntária na campanha de Sanders, que sempre se apresentou como socialista democrático, embora nunca tenha pertencido formalmente à organização DSA.
“É impossível pensar que a DSA teria chegado aonde está hoje, se não fosse pela candidatura de Sanders para a nomeação presidencial”, diz à BBC News Mundo Daniel Schlozman, professor associado de ciência política da Universidade John Hopkins.
Muitas das propostas do senador democrata, como a ideia de oferecer um sistema universal de saúde (o Medicare for all, ou Medicare para todos) ou de estabelecer uma educação universitária gratuita, foram fundamentais para atrair a atenção de jovens à sua campanha – e em alguns casos para a DSA.
“O crescimento do apoio à DSA entre os ‘millennials’ é o outro lado da queda da popularidade do capitalismo”, diz Schlozman.
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