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Raduan Nassar defende Lula 2022 e diz à Folha que imprensa “perdeu credibilidade”

Lula e Raduan Nassar. Foto: Reprodução/site do Lula

De Fernanda Canofre na Folha de S.Paulo, que entrevistou o escritor Raduan Nassar.

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Em 2018, você estava ao lado de Lula, na manifestação que reuniu uma multidão no centro de Porto Alegre, antes do julgamento que confirmou a condenação dele, depois o visitou algumas vezes em Curitiba e defendeu que ele era um preso político. Aposta nele como candidato em 2022? Há outros nomes? Se o STF não se acovardar, é bem provável que Lula [que hoje está vetado pela Lei da Ficha Limpa] venha a se candidatar nas próximas eleições. O primeiro nome é sempre o de Lula, alguém com estatura de estadista. Caso seu nome, por razões espúrias, seja barrado novamente pelos militares, [Fernando] Haddad e [Flávio] Dino são nomes íntegros.

No final de 2018, você publicou um artigo em que afirma que a força-tarefa da Lava Jato foi responsável por destruir a soberania nacional e que ‘os operadores da Lava Jato, (…) não serão jamais absolvidos pela história, serão antes execrados, quem viver verá’. Como vê sua previsão hoje? A previsão foi correta, para quem acompanha a geopolítica mundial nas últimas décadas não é difícil a leitura sobre o modo como os EUA agem para garantir o domínio sobre os seus ‘quintais’ pelo mundo.

Estava claro ainda que, sob a aura de ‘heróis’, que a Lava Jato operava a favor de interesses internacionais, com a conivência de parte do Judiciário, o que se comprova com a revelação das mensagens trocadas entre aquele grupo de Curitiba [reportagens da Vaza Jato].

Alguns fatos não podem ser esquecidos, todo o prejuízo para nossa indústria, para a educação, saúde, ciência e economia, precisa ser colocado na conta do chamado ‘Tucanistão’. O PSDB de Aécio, de Serra e de FHC —este último não podia ser melindrado, segundo o marreco de Maringá— não admitiu a derrota nas urnas, foi partícipe do golpe, da entrega do pré-sal, ajudou a eleger Bolsonaro com o voto do BolsoDoria, e vota fechadinho com a agenda do presidente genocida e de seu ministro ‘Posto Ipiranga’.

Alguém se esquece do então ministro da Justiça, enfiado num governo de cor laranja, cheio de rachaduras e ‘rachadinhas’, se referindo ao crime de caixa dois de Onyx Lorenzoni? Segundo Moro, ‘ele pediu desculpas’.

Você não é filiado a partido político, mas é de esquerda. O que significa isso? ​Considero-me de esquerda sim e fico com a bela definição de Pepe Mujica: ‘É uma posição filosófica perante a vida, onde a solidariedade prevalece sobre o egoísmo’.

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Os entrevistadores da Folha também questionaram sua visão do jornalismo, ofício que você exerceu, pela forma como retrata a jornalista em ‘Um copo de cólera’. Na época, a resposta foi que a imprensa se questionava pouco e que precisaria fazê-lo mais para resgatar a credibilidade perdida. Como o senhor avalia o jornalismo brasileiro hoje? De fato, a imprensa corporativa perdeu muito de sua credibilidade.

O que deve ser feito para recuperá-la? Cabe ao jornalismo brasileiro a resposta.

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