“Razão humanitária”: Alunos levam merenda escolar para familiares com fome
Em uma escola pública em São Paulo, formou-se uma rede de apoio entre profissionais da educação por uma ”razão humanitária”, que começaram a deixar os alunos levarem a merenda escolar para casa – o que é contra as regras – para que suas famílias tivessem o que que comer.
“A gente faz o que não pode fazer: chama as crianças fora do horário e dá merenda para elas levarem para casa. Às vezes, a própria família vem aqui pedir comida, como uma mãe que me disse: ‘o desespero me fez perder a vergonha — estou com fome’”, contou a diretora desta escola para o G1.
“Se alguém da cozinha vê uma criança pegando muita fruta e escondendo na mochila, a gente já sabe o que está acontecendo. No fim do dia, chama os pais e dá um pouco de comida”, complementou.
Apesar de ser um ato digno, permitir que essas crianças levem lanche para casa é considerada uma prática irregular, já que o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) é voltado apenas para a alimentação dos estudantes. Caso isso seja descoberto, em teoria, a Secretaria de Educação poderia ser acusada por órgãos de controle de desviar recursos públicos para algo que não está entre as finalidades do programa.
Contudo, ao ver o caso crítico de algumas famílias, esses diretores pedagógicos se arriscam para tentar ajudar ao máximo dentro do possível na situação.
“Uma vez, um menino pegou tanta bolacha e guardou [na bolsa], que tivemos de chamá-lo na saída, discretamente. Explicamos que ele podia levar tudo para casa, mas que, quando precisasse, poderia pedir. Ele saiu pulando de alegria. Depois, montamos uma campanha de arrecadação”, revelou também a a profissional.