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Reinaldo Azevedo: Congresso tem de cassar Eduardo e Flávio e de convocar Heleno

Da Coluna de Reinaldo Azevedo na Folha de S.Paulo.

Câmara e Senado, como entes e pilares fundamentais da democracia, têm de cassar os respectivos mandatos do deputado Eduardo Bolsonaro e de seu irmão, o senador Flávio. Imputação: quebra do decoro. A imunidade parlamentar prevista no artigo 53 da Constituição não existe para acobertar crimes, assim como as prerrogativas do artigo 86 não podem servir de instrumentos para que o presidente da República manche a própria Carta que lhe franqueia tais garantias.

Essas são tarefas inafastáveis dos senhores deputados e senadores enquanto ainda podem andar com a coluna ereta. Em primeiro lugar, serão justos com a obra dos depredadores da ordem institucional. Em segundo, mas não menos relevante, enviarão um recado ao Fanfarrão Minésio que ocupa o Palácio do Planalto.

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Em novembro do ano passado, ao comentar uma entrevista em que Eduardo — sempre ele! — especulou sobre a conveniência de um novo AI-5, o general Augusto Heleno ficou longe de repudiar a estupidez. Comentou: “Tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir”. Expressando insatisfação com o Congresso, afirmou: “O projeto do Moro, fundamental para conter crime, não passa. Fazem de tudo para não passar”.

Defendi que fosse convocado pelo Congresso a dar explicações. O general se zangou comigo e escreveu no Twitter: “Convocação inócua. Os parlamentares têm mais o que fazer. Eu e as Forças Armadas somos inteiramente vacinados contra a ditadura, petismo, autoritarismo, peronismo, getulismo ou azevedismo. Mais ainda, contra o socialismo da corrupção, da bandidagem e da incompetência”.

Não foi convocado. Passados três meses, ele premia o Congresso, que tem segurado na unha o destrambelhamento do governo Bolsonaro, com um “foda-se” — em mensagem soprada aos ouvidos de Luiz Eduardo Ramos, coordenador político do governo, mas também militar da ativa, o que é sinônimo de voz que ecoa na tropa. O “azevedismo” recomenda outra vez: Heleno tem de ser convocado.

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