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Reinaldo Azevedo: ‘Lula fez um dos melhores discursos de sua carreira política’

Lula em Coletiva de imprensa em São Bernardo do Campo
Foto: Cyla RAMOS / @cylabg2

Em sua coluna no UOL, o jornalista Reinaldo Azevedo rasgou elogios ao discurso de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após a anulação de suas condenações na Lava Jato.

Segundo Azevedo, o ex-presidente fez ontem “um dos melhores pronunciamentos de sua carreira política”. Leia alguns trechos abaixo:

O ex-presidente Lula fez nesta quarta um dos melhores pronunciamentos de sua carreira política, ainda que eu discorde de alguns aspectos pontuais. Não endosso, por exemplo, a crítica genérica às privatizações. A sua síntese para a gente sair do atoleiro econômico pode não ser a melhor porque o Estado não tem como investir. Não estava ali, no entanto, expondo um programa de governo. O que me interessou foi outra coisa: a fala de Lula (re)conferiu dignidade à política.

O cadáver adiado do udenismo até pode indagar: “Que país é este em que recebemos lições de um ex-presidiário?” É aquele que assistiu calado, quando não estava aplaudindo, a escalada de ações ilegais de Sergio Moro, alçado à condição de herói nacional e saudado com frequência por sua habilidade em ignorar as garantias legais. Afinal, seu propósito seria nobre: caçar corruptos. É o país que viu o doutor confessar em embargos de declaração que nem mesmo era o juiz natural do caso do tríplex.

Vivemos anos de insanidade judicial, de loucura mesmo! E caímos no atoleiro que aí está.

Lula passou 580 dias preso. Edson Fachin, o mesmo ministro do Supremo que anulou todos os processos que corriam na 13ª Vara Federal de Curitiba por reconhecer, finalmente, que Moro não era o juiz natural das causas, liderou os seis votos que mantiveram o ex-presidente na cadeia em abril de 2018 — nesse caso, ao arrepio do que dispõem a Constituição e o Código de Processo Penal. Assim, se você quiser saber que país é este que recebe lições de um ex-presidiário, convenham: a pergunta deve ser dirigida àqueles que contribuíram para coonestar a farsa. (…)