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Reinaldo Azevedo: “Moro tem de ser mais responsável. Agora é chefe da PF. Não mais o imperador de Curitiba”

Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução/YouTube

Reinaldo Azevedo detona novamente o ex-juiz em seu blog no UOL. “A mistura da onipotência perdida com o desespero de quem percebe que os caminhos para a desconversa vão se estreitando está fazendo mal ao ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele saudou, nesta quarta, a prisão de quatro pessoas acusadas de hackear o seu telefone; o de Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e de mais uma penca de autoridades. Escreveu no Twitter o ex-juiz com a ligeireza do tempo em que ainda usava toga: ‘Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime’. A consideração é imprudente, irresponsável e, na verdade, pouco inteligente. É imprudente porque a investigação ainda está no começo, e o ex-juiz desconhece seus detalhes, por mais que tenha tido acesso privilegiado às informações. É irresponsável porque é visível que está tentando ligar os presos às informações que o site The Intercept Brasil recebeu de fonte anônima. E é pouco inteligente porque, ainda que assim fosse, de tal invasão, então, teria resultado, segundo ele próprio, as mensagens que vieram à luz, certo? Se é assim, por que ele as classifica de ‘supostas’?”.

O jornalista desenvolve o raciocínio: “Há mais: em sendo esses hackers os responsáveis por coletar diálogos desde 2015, supõe-se, então, que é possível confrontar o material — será que a Polícia o tem em mãos? — com aquilo que foi divulgado. Há especialistas nessa área de todos os matizes, não é? Moro está nos dizendo, por acaso, que é possível cotejar o que foi publicado com aquilo que foi encontrado pela PF? Oh, não, caras e caros! Não estou aqui a negar que essas pessoas presas estejam envolvidas com crimes digitais. A questão é saber como é que se estabelece a conexão pretendida por Moro entre, então, o fruto do crime e aquilo que foi trazido a público por The Intercept Brasil e outros parceiros da imprensa. Não parece que o perfil dos envolvidos seja exatamente o de pessoas que tenham especial interesse pelo devido processo legal. Leandro Demori, diretor do site ‘The Intercept Brasil’, reagiu com a devida dureza. Afirmou: ‘Está cada vez mais claro: Moro virou político em busca de um foro privilegiado pra poder falar impunemente em público as coisas que dizia antes em chats secretos. Nunca falamos sobre a fonte. Essa acusação de que esses supostos criminosos presos agora são nossa fonte fica por sua conta. Não surpreende vindo de quem não respeita o sistema acusatório e se acha acima do bem e do mal. Em um país sério, o investigado seria você'”.

Ele frisa uma contradição: “Uma das informações que circularam de cara, com grande estardalhaço, é a de que o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira, por exemplo, movimentou entre abril a junho de 2018 e março a maio de 2019 R$ 627 mil, embora tenha renda mensal de R$ 5.058. Mais um pouco? Na casa deles, foram encontrados R$ 100 mil em dinheiro vivo. Os fanáticos no morismo esfregaram as mãos: ‘Oba!’. Mas aí vem a informação. Diz o coordenador-geral de Inteligência da PF, João Vianey Xavier filho: ‘O perfil dessas pessoas é relacionado a estelionato eletrônico. Estão relacionados a fraudes bancárias eletrônicas praticadas mediante internet banking, engenharia social em contato com possíveis vítimas e fraudes em cartão de crédito e débito, o que é muito comum, e a PF já tem expertise’. Será esse o padrão de quem estaria articulado numa grande conspiração para acabar com a Lava Jato? Serão os presos desta quarta o grande instrumento para desmoralizar a operação?”.

E completa: “Moro tem de ser mais responsável. Agora ele é chefe formal da PF. Não é mais o imperador da 13ª Vara Federal de Curitiba”.