Reinaldo Azevedo sobre Bolsonaro e economia: “mais perto do impeachment do que do golpe”

Da Coluna de Reinaldo Azevedo no UOL.
Já aprendemos aqui e na história do Brasil que o crime de responsabilidade ou o crime comum, relacionado ao mandato, por si, não derrubam presidentes. Eles são uma condição necessária da eventual queda do mandatário, mas não suficiente.
Com ou sem pedalada, Dilma não teria caído se a economia não tivesse mergulhado no abismo. Não reconhecê-lo é exemplo de estupidez — e, de resto, a pedalada aconteceu. Dá até para perguntar: “Já não tinha acontecido antes?” Digamos que sim. Isso só reforça a tese, a saber: é a economia que derruba presidentes, não crimes de responsabilidade ou comuns.
Então convém que o boquirroto Bolsonaro tome cuidado. Sua gestão entregou um crescimento pífio, de apenas 1,1%. Por mais que Paulo Guedes tente se comportar como mascate de esperanças, papel em que seu desempenho nem é tão convincente, o fato é que as dificuldades que vêm pela frente são enormes. Antes do fator coronavírus, poucos apostavam que se cresceria magros 2% neste ano. Agora, a lona é o limite. E já há gente tendo pesadelos com desempenho negativo.
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Seus fanáticos, sem dúvida, estão em êxtase. A questão é saber até onde Bolsonaro chega com eles. O desastre da Bolsa nesta segunda e o dólar apontando para R$ 5 já disseram ao presidente, de modo muito eloquente, quanto poderiam durar suas ambições golpistas.
Bolsonaro ainda não percebeu, eu sei: mas ele está mais perto do impeachment do que do golpe.