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Rejeitar André Mendonça seria passo contra o “autoritarismo bolsonarista”, diz Folha

André Mendonça
André Mendonça pode ter seu nome rejeitado no Senado – Foto: Carolina Antunes/PR

O jornal Folha de S.Paulo publica neste domingo (29) um editorial contra a nomeação de André Mendonça, AGU, para se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Diz que a não nomeação de Mendonça é uma reação contra o autoritarismo bolsonarista em voga.

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Reação contra o autoritarismo bolsonarista

Diz a Folha:

“Barulho, confusão e cacofonia interessam, e cada vez mais, só ao presidente Jair Bolsonaro. Antepor-se a seus esbirros golpistas exige firmeza, mas dispensa espalhafato.

O método revelou-se eficaz na apreciação, pelo plenário da Câmara, da proposta do voto impresso. Em vez de deixar o assunto pendente e fornecer combustível às bravatas, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pôs o tema em escrutínio. O bolsonarismo, que fala muito mas entrega pouco, não pôde evitar o malogro”.

E completa:

“O cordão de isolamento em torno de Jair Bolsonaro penetra a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, cujo presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), resiste a colocar em pauta a avaliação do nome de André Mendonça, indicado pelo chefe do Executivo para o STF.

Embora as razões egoístas de Alcolumbre —como a de ter um outro juiz no Supremo— possam configurar um daqueles casos de vícios que prestam homenagem à virtude, protelar indefinidamente a indicação não é a melhor forma de responder à ousadia bolsonarista.

O recomendável é desengavetar o processo e vetar a indicação do ex-advogado-geral e ex-ministro da Justiça. André Mendonça cruzou a linha da submissão a um projeto cesarista e deveria ser rechaçado por suas próprias deficiências.

Pela primeira vez desde o tumultuado governo do marechal Floriano Peixoto (1891-94), o Senado diria não a um nome indicado para a corte mais alta. A analogia com uma administração marcada pelo militarismo autoritário e pelo desrespeito ao texto constitucional não seria de todo aleatória”.