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Renan condiciona impeachment à cassação de Delcídio

Do Congresso em Foco:

 

O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu condicionar a votação do parecer da comissão processante do impeachment da presidente Dilma Rousseff a uma decisão do plenário sobre o pedido de cassação do mandato do senador licenciado Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Alvo da Operação Lava Jato e implicado em delação premiada feita por Delcídio, preso pela operação e solto sob condições especiais, Renan ficou irritado com a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de prorrogar o prazo para que o parlamentar, que sofre processo de cassação, envie à CCJ mais um documento produzido pelo Ministério Público Federal que serviria como peça de sua defesa.

A decisão de Renan é mais um sintoma da crise política que envolve Câmara, Senado e a Presidência da República em meio a um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A intenção de Renan desde a semana passada era votar o julgamento do senador Delcídio antes da definição do afastamento da presidente Dilma.

“A CCJ vai arcar com a decisão tomada hoje. Enquanto não decidirmos a situação do senador, não pautarei a votação da comissão do impeachment”, informou Renan. O senador do PMDB disse ainda em plenário que um grupo de senadores quer que Delcídio do Amaral participe da sessão que definirá o afastamento da presidente Dilma Rouseff. Em reação, Renan comparou a tentativa de liberar Delcídio para votar o impeachment da presidente tão esdrúxulo quanto a decisão do presidente interino da Câmara, José Maranhão (PP-MA), em anular a sessão de votação do impeachment na Câmara, ato já desconsiderado pelo próprio Renan.

O requerimento para que a CCJ peça mais documentos pedidos pelo senador Delcídio do Amaral foi apresentado pelo senador Aluysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e acatado pela maioria da comissão. Renan Calheiros também rejeitou a proposta feita pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) de apresentar o relatório da CCJ em plenário nesta terça-feira (10) e, em seguida, a definição sobre o mandato de Delcídio do Amaral.

Em meio à discussão, o primeiro-secretário do Senado, Renan determinou a Vicentinho Alves (PR-TO) a leitura do parecer que, elaborado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), foi aprovado por ampla maioria na comissão processante do impeachment. O relatório será levado à votação em plenário na próxima quarta-feira (11), quando Dilma pode ser afastada por até 180 dias do cargo caso 41 senadores votem pela procedência das acusações de crime de responsabilidade que lhe são atribuídas.