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Repasse do governo para empresa da ex-mulher de Wassef é o “Fiat Elba” de Bolsonaro, diz jornalista

Do Valor:

O presidente Jair Bolsonaro tenta montar, nos tribunais superiores, uma rede para segurar a investigação hoje em curso no Ministério Público e na 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. A cada dia, porém, aumentam os flancos a serem contidos.

O que começou com a busca de guarida para um habeas corpus a Fabrício Queiroz, instrumento para evitar uma delação premiada do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, agora se ampliou para estancar as fortes evidências do vínculo entre o presidente e a estratégia de atuação do advogado do senador, Frederick Wassef.

Como revelou o “UOL”, a empresa de Cristina Bonner, ex-mulher e sócia de Wassef, foi beneficiária, em um ano e meio deste governo, do equivalente (R$ 41 milhões) ao recebido nos quatro anos da gestão compartilhada entre os ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer. Ministros de tribunais superiores tratam a revelação como um “Fiat Elba” do caso, numa referência à prova definitiva de vínculo entre o ex-presidente Fernando Collor e seu ex-tesoureiro, Paulo César Farias.

Se a primeiras faíscas envolvendo o presidente, como o depósito de Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram esfriadas com a paralisação do processo contra o senador no Supremo Tribunal Federal, durante seis meses, por iniciativa do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, é por novas manobras protelatórias que hoje se move o Palácio do Planalto.

(…)

PS: o ‘Fiat Elba’ foi um dos estopins do impeachment de  Fernando Collor.  Um cheque vindo de uma conta fantasma de PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor e organizador dos esquemas do ex-presidente, foi usado para comprar o carro – e para reformar a Casa da Dinda, residência oficial do presidente. Quando essa prova foi obtida pela CPI que cuidava do caso em 1992, a saída de Collor da presidência foi inevitável.