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Reportagem do Fantástico aponta que tenente-coronel da Aeronáutica mentiu em depoimento sobre cocaína na comitiva de Bolsonaro

Avião da Força Aérea Brasileira(FAB) no Aeroporto Internacional de Macapá Alberto Alcolumbre – 12/04/2019 (Clauber Cleber Caetano/PR)

Do site Rede Arrastão:

O Fantástico teve acesso exclusivo à investigação da Aeronáutica que apontou que o sargento Manoel Silva Rodrigues, preso na Espanha em junho com 39 kg de cocaína, entrou no avião ainda desligado e não passou a bagagem pelos procedimentos de segurança previstos. O militar estava na comitiva presidencial que levava o presidente Jair Bolsonaro – que estava em outra aeronave – ao encontro do G20 no Japão.

Somente em Sevilha – a segunda escala da comitiva após uma parada técnica em Cabo Verde –, o militar precisou submeter a bagagem a um raio-x, que detectou presença de material orgânico na mala. Questionado, o sargento voltou a afirmar que levava queijo a uma prima que morava na Espanha. Quando as autoridades espanholas detectaram a presença de cocaína, Silva Rodrigues ficou em choque e não disse mais nada no local. Apenas depois, já à Justiça, o militar brasileiro afirmou que não sabia que havia cocaína na bagagem.

O inquérito também revela que outro militar, o tenente-coronel Alexandre Augusto Piovesan, passou a ser considerado investigado – e não mais testemunha. Isso porque a quebra do sigilo telefônico da mulher do sargento Silva Rodrigues mostra que os dois mantinham contato frequente.

As conversas mostram ainda que Piovesan trazia “coisas” – sem especificar quais – do exterior para serem vendidas aqui. Além disso, no dia da prisão de Silva Rodrigues, o tenente-coronel se encontrou com a esposa do sargento. Em um primeiro depoimento, como testemunha, Piovesan teria mentido ao negar relações além do trabalho com o sargento Silva Rodrigues. Porém, investigadores encontraram celulares, computadores e itens importados no apartamento do tenente-coronel. Ao se defender, Piovesan disse que não respondeu de forma adequada ao primeiro depoimento porque ficou em pânico.

O tenente-coronel também admitiu que emprestou dinheiro e comprou mercadorias no exterior para Silva Rodrigues. Ele também confessou ter apagado as mensagens enviadas ao sargento após a prisão “porque ficou decepcionado” com o militar. Nove dias após o primeiro depoimento, Piovesan foi dispensado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), onde atuava.