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Representante da comunidade judaica brasileira diz que “vai fazer de tudo para que essa ideologia não prospere no país”

Mourad Belaciano. Foto: Reprodução

Do Correio Braziliense:

O vídeo em que o ex-secretário especial da Cultura Roberto Alvim anunciava o Prêmio Nacional das Artes com ecos da propaganda nazista gerou, na sexta-feira (17/1), repúdio imediato da comunidade judaica brasileira. Tanto a Confederação Israelita do Brasil (Conib) quanto a Associação Cultural Israelita de Brasília (Acib) emitiram notas condenado o teor da peça, que levou à exoneração de Alvim.

Em entrevista ao Correio, Mourad Belaciano, diretor do Grupo de Estudos do Oriente Médio da Acib, diz que as referências nazistas em um pronunciamento feito por um integrante do governo federal é “inadmissível” e causa de grande indignação. Ele também diz que a comunidade judaica “vai fazer de tudo para que essa ideologia não prospere no país”.

Ainda segundo Belaciano, o país ainda tem muitos defensores da democracia. A demissão de Alvim e a rápida reação de autoridades e da imprensa ao episódio, argumenta, são sinais de que “a nossa democracia, que passa por problemas, é capaz de resistir a aventureiros que deponham contra a própria democracia”.

Como o discurso do agora ex-secretário de Cultura repercutiu entre a comunidade judaica?

As pessoas estão indignadas e consideram inadmissível que um agente público de tão alto nível, ocupando cargo federal, se manifeste plagiando um ministro de Hitler. Joseph Goebbels atuou durante todo o período nazista. Ele era um dos homens de confiança de Hitler, da linha de frente da ideologia. Se o Estado alemão se nazificou, foi por força de três grandes esteios: a força política do Estado, com normas e leis; a policial, com a Gestapo e a SS; e a propaganda e as ideias. E ele (Goebbels) é um dos esteios desse projeto.

Foi um dos maiores desastres que a humanidade já conheceu. É indignante ver homens públicos, em pleno século 21, repetindo e vangloriando a era nazista, que aconteceu há mais de 80 anos. É preciso expor, chamar a atenção da população. Essa história não pode ser repetir. E não pode se repetir com brasileiros. A ideologia que ele defendia, e ele usou a arte para defendê-la, claramente segrega e classifica os indivíduos conforme características sociais, culturais. É uma ideologia nefasta. A comunidade judaica vai fazer de tudo para que essa ideologia não prospere no país.

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