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Responsáveis por farsa de ‘ritual satânico’ são indiciados no RS

Da Veja:

Sem revelar o porquê da mentira sobre um falso ritual de magia negra que desviou a investigação da morte de dois irmãos e levou cinco homens injustamente à prisão, a Corregedoria Geral da Polícia Civil (Cogepol) anunciou na tarde desta sexta-feira o indiciamento de quatro pessoas envolvidas na farsa. A motivação do esquartejamento das crianças, um menino com idade entre 8 e 9 anos e uma menina com idade entre 10 e 12 anos, encontrados em 4 de setembro de 2017, em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, continua sendo um mistério.

A Cogepol não informa a razão da farsa. O anúncio dos indiciamentos foi feito em coletiva de imprensa com a presença do chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt.

Entre os indiciados está o delegado Moacir Fermino, que “revelou” a falsa solução do crime durante as férias do delegado titular do caso, Rogério Baggio. A Cogepol não investiga a morte das crianças, apenas a conduta dos policiais.

Fermino foi indiciado por falsidade ideológica e compra de testemunhas. Ele deve permanecer afastado da função até o fim do processo. Procurado por VEJA, não atendeu as ligações. A reportagem não localizou sua defesa. Outros dois policiais foram indiciados por falsidade ideológica porque produziram relatórios com detalhes inventados do caso sem nenhuma apuração das denúncias anônimas. O quarto indiciado é o responsável por oferecer vantagem financeira às testemunhas compradas – ele está preso desde que a mentira veio à tona.

O delegado Fermino e o homem que comprou as testemunhas são amigos há cerca de vinte anos, segundo a Cogepol. Os celulares apreendidos durante a investigação da corregedoria mostram trocas de mensagens entre os dois. “Uma missão esta comprida [sic]. Vai ter o depoimento que faz a ligação dos 7 dicipolos [sic]”, escreveu o homem ao delegado em 21 de janeiro, véspera da data em que a terceira testemunha completou a narrativa com os detalhes que faltavam para a história mirabolante parecer verdadeira.

Em outra mensagem, uma testemunha comprada chegou a reclamar do salário que estava recebendo do programa de proteção às testemunhas, uma das vantagens prometidas e entregue a ele, informou o delegado Bruno Oliveira, da Cogepol. A testemunha reclamou para o homem que havia prometido o recurso.