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“Sabemos que nossos alunos vão morrer”, diz professor de vítima de chacina no Rio

Da BBC Brasil:

Um aluno da escola em que o professor de história Pedro Castanheira dá aulas foi baleado, junto a quatro amigos, por uma rajada de 111 tiros disparados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, no último sábado. Todos eram negros.

Não foi o primeiro caso – nem será o último, diz o professor. “É difícil dizer isso, mas nós sabemos que nossos alunos e ex-alunos irão morrer”, afirma. “Só não podemos ficar parados aguardando a próxima (morte).”

O aluno em questão era Roberto de Souza Penha, de 16 anos. Ele estava em um carro com Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16, Cleiton Correa de Souza, de 18, Wilton Esteves Domingos Junior, de 20, e Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, em Costa Barros, na zona norte Carioca, quando foi metralhado pela polícia.

Três PMs foram presos em flagrante e respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) e fraude processual. Outro está detido por fraude processual.

É que, ao inquérito, somam-se indícios, investigados pela Polícia Civil, de fraude no registro de ocorrência feito pelos policiais após as mortes. Na tentativa de justificar os tiros como defesa pessoal, os PMs teriam tentado forjar um cenário de auto de resistência no local das mortes.

Os autos de resistência (confrontos entre policial e suspeito) são alvo de CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – a investigação apura ilegalidades nas execuções policiais.