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Sakamoto: ao reclamar de viagem de doméstica à Disney, Guedes escancara visão de país

Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro Foto: Mauro Pimentel / AFP

Publicado originalmente na coluna do Leonardo Sakamoto

Durante um evento em Brasília, nesta quarta (12), o ministro da Economia, Paulo Guedes, cometeu novo sincericídio. Percebendo o absurdo, quis corrigir, afirmando que (antes que o acusassem daquilo que ele realmente disse), na sua opinião, “todo mundo tem que ir para a Disneylândia, conhecer um dia, mas não três, quatro vezes por ano”. E sugeriu substituir com atrações nacionais – para a alegria de seu colega de Esplanada e dono de laranjal, Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo.

Antes que alguém venha correndo passar pano, isso não foi um mal-entendido – então, por favor, não subestime nossa inteligência. E isso também não foi um erro – por favor, não subestime a inteligência do ministro. Isso é Paulo Guedes, tão relaxado, que escancara sua visão de mundo, colocando as coisas no lugar que – segundo ele – elas deveriam ocupar. Pobre trabalha aqui, rico viaja para onde bem entender.

Reclamar de trabalhadoras empregadas domésticas, cuja maioria é negra e pobre, que conseguiram – com muito sacrifício – conquistar o direito de escolherem para onde viajar e decidiram levar seus filhos à Disney, nos Estados Unidos, é paráfrase de “este aeroporto está parecendo uma rodoviária” – que se tornou mantra de nacos abjetos da elite econômica e da classe média quando pobre começou a andar de avião.

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