Sakamoto: Moro vai atrás de punk e porteiro, mas não de miliciano

Da coluna de Leonardo Sakamoto no UOL:
Não deixa de causar espanto a seletividade do Ministério da Justiça sob o comando do ex-juiz federal Sergio Moro. A pasta pediu abertura de inquérito para investigar roqueiros paraenses que organizam um festival de punk e hardcore chamado “Facada Fest”.
O evento usou cartazes de divulgação que o governo federal considerou ofensivos à honra do presidente da República. O mesmo ministério, contudo, deixou de incluir Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime e ligado a Flávio Bolsonaro, na lista dos mais procurados, quando divulgou essa relação em janeiro. O líder miliciano, ligado ao antigo gabinete do filho 01, foi morto no último dia 9.
Os organizadores do festival divulgaram nota afirmando que foram intimados a depor na Polícia Federal e que veem o caso como uma tentativa de censura. Nas redes sociais, o ministro disse que a iniciativa não foi dele, mas que “poderia ter sido”. Para ele, “publicar cartazes ou anúncios com o presidente da República ou qualquer cidadão empalado ou esfaqueado não pode ser considerado liberdade de expressão”.(…)
O ministro Sergio Moro fez sua carreira tentando construir a imagem de lutador contra o crime organizado. Ironicamente, tem feito muito pouco para combater o crime organizado de madeireiros, garimpeiros, grileiros e pecuaristas que formam quadrilhas e montam milícias para invadir e manter terras indígenas, levando embora suas riquezas. A Funai, vale lembrar, segue sob sua responsabilidade.
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