Santana diz que recurso na Suíça é “poupança para aposentadoria”
Do Valor:
O marqueteiro João Santana, que admitiu à Polícia Federal manter e receber dinheiro em uma conta não declarada na Suíça, afirmou que a conta era uma “poupança” para sua aposentadoria e negou que tenha recebido dinheiro de maneira ilícita. Santana e sua esposa, Mônica Moura, foram presos pela Lava-Jato acusados de receber US$ 7,5 milhões por meio de uma offshore não declarada. Os depósitos foram feitos pelo doleiro Zwi Skornicki e pelo grupo Odebrecht, e a PF suspeita que sejam frutos de corrupção no esquema da Petrobras, o que o casal nega.
De acordo com o depoimento, ele criou a offshore em 1998 para receber cerca de US$ 70 mil referentes a uma campanha na Argentina, mas a conta só passou a receber depósitos significativos a partir de 2011 e 2012, por conta de atuações em campanhas em Angola, República Dominicana, Panamá e Venezuela. Santana disse ainda que desconhece detalhes de suas movimentações financeiras, já que isto ficaria a cargo de sua esposa.
Mônica Moura, de fato, detalhou à PF várias transações relacionadas a campanhas no exterior. Segundo o depoimento dela, o casal recebeu US$ 35 milhões pela campanha de Hugo Chavez na Venezuela, sendo a maior parte desse valor não declarado, e outros US$50 milhões pela campanha de Jose Eduardo Santos na Angola, sendo que US$ 20 milhões foram pagos por um contrato de gaveta.
De acordo com Mônica, foi na campanha da Venezuela que eles receberam depósitos feitos pelo grupo Odebrecht. Ela disse que foi orientada na época a procurar o executivo da empresa Fernando Migliaccio, que hoje está preso na Suíça, porque ele pagaria parte das despesas da campanha. Eles então firmaram um contrato entre a offshore Shellbill, do casal, e a offshore Klienfeld, ligada ao grupo Odebrecht. Ela admitiu que o contrato era fictício.