Apoie o DCM

‘Se olho dois comentários, sempre tem um chamando de drogado’, diz Casagrande

Walter Casagrande

Do Globo:

Depois de quatro overdoses, um acidente de carro que o deixou em coma, um infarto e outras tantas comorbidades, além de um ano inteiro em reabilitação seguido por algumas recaídas, o ex-atacante e comentarista esportivo Walter Casagrande Jr. comoveu o Brasil ao anunciar, na final da Copa do Mundo da Rússia, em 2018, que pela primeira vez tinha permanecido sóbrio um Mundial inteiro. Para ele, ali, a sobriedade plena fora alcançada. A parte mais difícil da recuperação, porém, ele conta agora.

Em “Travessia” (Globo Livros), escrito com o amigo e jornalista Gilvan Ribeiro, Casagrande detalha o processo de ressocialização do dependente químico. Uma travessia que, no caso dele, teve luta, um namoro midiático com a cantora Baby do Brasil, a reaproximação com amigos roqueiros que também lidaram com seus vícios, como os titãs Paulo Miklos e Nando Reis. Tudo contado, por ele e pelos personagens envolvidos no livro, de peito aberto, como esta conversa por Skype, de seu apartamento em São Paulo.(…)

As redes sociais podem ser bem cruéis, por conta do anonimato. Como lida com elas?

Tem gente que não acredita que a dependência química é uma doença, que as pessoas podem se recuperar. Para elas, a Terra é plana, então não tem diálogo, não dou atenção. Mas os ataques cruéis e o preconceito machucam. Atingem a alma da pessoa. Não corta a pele, não sangra, mas entra uma faca na alma. É uma cicatriz que não fecha. Me fez muito mal, acredito que faça ainda. Então, quem cuida do meu Instagram, por exemplo, é o meu filho do meio, Leonardo. Não vejo comentários. Se olho dois comentários, sempre tem um chamando de drogado.

(…)