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Seita: por que os franqueados estão “presos” com a Cacau Show

Loja franqueada da rede Cacau Show. Foto: reprodução

Após a série de denúncias contra a Cacau Show, os franqueados agora enfrentam entraves contratuais que dificultam a saída da rede de chocolates. Entre as principais queixas estão cláusulas abusivas, multas elevadas e a exigência de arbitragem sigilosa, processo que pode custar mais de R$ 50 mil apenas para ser iniciado. “É como uma prisão financeira”, relatou um franqueado que preferiu não se identificar ao Jornal de Piracicaba.

Os contratos estabelecem regras genéricas, como “aderência à cultura da marca”, usadas para justificar penalidades sem critérios claros. Além disso, a franqueadora impõe alterações unilaterais em manuais operacionais e cobra taxas não previstas inicialmente. “Fui multado por falta de um único item no estoque, mesmo com vendas em dia”, contou outro empreendedor.

A rescisão antecipada do contrato pode acarretar multas de dezenas de milhares de reais. A Cacau Show ainda controla mudanças societárias, troca de endereço e até a venda da loja, limitando as opções dos franqueados. Muitos investiram todas as economias e hipotecaram bens para manter o negócio, conforme exigido no acordo.

Com 4,8 mil lojas e faturamento anual de R$ 6,3 bilhões, a empresa enfrenta denúncias de franqueados e ex-funcionários por esquema de pirâmide, más condições de trabalho, cobrança de taxas não contratuais e assédio por meio de uma seita, levando o Ministério Público do Trabalho de São Paulo a abrir investigação.