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Servidor da Saúde diz que avisou Bolsonaro sobre suspeitas na importação da Covaxin

O servidor Luis Ricardo Miranda com o presidente Jair Bolsonaro, em encontro no dia 20 de março. Foto: Reprodução

Em entrevista ao Globo, Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, afirmou que se reuniu com Jair Bolsonaro em 20 de março para tratar das suspeitas sobre a importação da vacina indiana Covaxin.

Ele afirma que apresentou ao presidente um material que comprovaria que houve um pedido de pagamento fora do contrato para importar três lotes do imunizante, com data próxima do vencimento.

Se tivesse assinado o documento, a empresa poderia cobrar um pagamento considerado por ele indevido: US$ 45 milhões (R$222,6 milhões).

“A documentação apresentada estava muito divergente do que estava estipulado no contrato. A equipe por parte nossa, da importação, não se sentiu segura e confortável para a execução daquele processo, daquela importação”, afirma.

“Veio ordens superiores para que fosse solicitada a autorização pela Anvisa, mesmo não tendo toda a documentação completa. Eu me isentei como chefe de assinar esse processo. É um ofício que solicita uma excepcionalidade, que chama. Foi assinado por um outro gestor e a gente fez a solicitação para a Anvisa, a qual foi negada”, prossegue.

Miranda afirma que sofreu uma “pressão anormal” para agilizar o processo de importação e chegou a receber ligações fora do horário de trabalho para tratar do tema.

“Eu apresentei toda a documentação, o contrato assinado, as pressões que estavam acontecendo internamente no Ministério, e a gente levou até a casa do presidente, conversamos com ele, mostramos todas as documentações, as pressões, e ele ficou de, após a reunião, falar com o chefe da Polícia Federal para investigar”, relata o servidor, dizendo que o presidente pareceu “surpreso” com a denúncia.