Sociólogo vê Dilma longe do movimento social e Marina útil para a direita
Marina Silva (PSB) é um “desvio necessário” para a direita voltar ao poder no Brasil e Dilma Rousseff (PT) se distanciou dos movimentos populares, mas esteve próxima do grande capital e da bancada ruralista durante seu governo.
A avaliação é do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, considerado um dos mais importantes intelectuais da esquerda na atualidade. Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, e professor da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e da Universidade de Warwick, no Reino Unido, possui uma extensa produção sobre participação social, modelos de democracia e concepções de direitos humanos.
Ligado a movimentos sociais brasileiros e globais, Boaventura veio ao Brasil lançar seu novo livro (O direito dos oprimidos, Editora Cortez) e deu entrevista ao UOL.
Segundo Boaventura, a hegemonia do pensamento oligárquico de direita não consegue voltar ao governo sem utilizar alguém que tenha perfil de esquerda no país. Para ele, Marina Silva pode ser o “desvio necessário” para que isso aconteça.
“Isso não quer dizer que Marina Silva possa ser instrumentalizada de uma maneira fácil por quem quer que seja. É uma mulher forte, lúcida, inteligente. Mas está em um jogo e tenta mostrar que o seu passado ecologista não tinha que colocar medo ao grande capital. Porque não é o seu partido que a sustenta, mas muitos interesses do capital, que estariam contra o que era a Marina Silva de alguns anos.”
Ao mesmo tempo, analisa que Dilma recuou na relação com os movimentos populares. “Se essa distância fosse também calculada em relação à bancada ruralista e aos poderes dominantes, poderíamos dizer que seria um estilo de autonomia do Estado. Mas o que se viu foi uma assimetria preocupante sobretudo para um partido que assentou efetivamente na promoção das classes populares.”
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