STF e TSE temem novo discurso golpista de Bolsonaro no 7 de Setembro

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) temem que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faça um novo discurso golpista no desfile militar do 7 de Setembro para jogar apoiadores contra o Judiciário e o sistema eleitoral brasileiro.
Em 2021, o chefe do governo fez uma série de ameaças ao Supremo, chamou as eleições de “farsa”, disse que só sai da presidência “preso ou morto” e exaltou a desobediência à Justiça. O receio é que isso se repita, mas com dois agravantes: a proximidade das eleições e a data comemorativa do Bicentenário da Independência, para quando é esperada uma parada militar de grandes proporções na Esplanada dos Ministérios.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, para evitar riscos, os presidentes do STF e do TSE, ministros Luiz Fux e Edson Fachin, têm discutido internamente os possíveis esquemas de segurança, mas há divergências em relação a como agir para conter eventuais ataques aos tribunais.
Apesar de a avaliação de que o atual clima entre o Planalto e o Judiciário está menos hostil do que no ano passado, existe uma tensão de que a temperatura possa subir nas próximas semanas, com a proximidade das eleições e diante da insistência de Bolsonaro em desacreditar o sistema eleitoral.
No ano passado, depois de participar de diversas manifestações de teor golpista, o presidente recuou e divulgou uma nota dizendo que “não teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes” e atribuiu as palavras “contundentes” que proferiu anteriormente ao “calor do momento”.
Ainda de acordo com a Folha, integrantes do STF e de forças de segurança do Distrito Federal responsáveis pela proteção do patrimônio na Esplanada estão monitorando uma série de eventos com potencial de estressar a relação entre os poderes.
O primeiro deles é a convocação de movimentos bolsonaristas para manifestações no próximo dia 31, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Apoiadores do presidente estão tentando organizar os eventos como uma espécie de preparação para o 7 de setembro.