Suíços votarão lei que limita salários de executivos
No próximo domingo, os eleitores suíços votarão em referendo nacional um projeto de lei inédito que limita o salário dos altos executivos do país.
Se a proposta for aprovada, o maior salário dentro de uma empresa será limitado a 12 vezes o valor do menor.
A iniciativa, chamada de “1:12 por um Salário Justo” (“1:12 Initiative for Fair Pay”), foi idealizada por partidos de esquerda. Ela é baseada na ideia de que ninguém em uma empresa deve ganhar mais em um mês do que outros ganham em um ano.
“A riqueza suíça é distribuída de forma injusta. Executivos recebem milhões, mas mais de 300 mil pessoas no país têm de trabalhar para ganhar uma ninharia”, declarou na TV local David Roth, presidente da ala jovem do Partido Socialista Suíço – que coletou 100 mil assinaturas para lançar a votação.
Os eleitores suíços seguem divididos sobre a polêmica. As últimas sondagens indicaram que 54% são a contra a proposta, 36% a favor e 10% estão indecisos. Antes, em outubro, outra pesquisa mostrava que 44% dos suíços estavam a favor, 44% contra e 12% indecisos.
Para ser aprovada e entrar em vigor, a proposta precisa apenas ter mais de 50% dos votos, sem necessidade de aprovação do Parlamento.
Segundo o think-tank Denknetz, há 30 anos o pagamento de um CEO equivalia a cerca de seis vezes o salário médio suíço, mas a taxa avançou para 13 vezes no final dos anos 1990. E, em 2007, altos executivos ganhavam, em média, 56 vezes o piso salarial do país.
Duras críticas a bônus e compensações extraordinárias pagas a altos executivos ganharam espaço nos debates públicos desde o acirramento da crise financeira internacional. Em 2008, o governo suíço desembolsou US$ 25,8 bilhões dos cofres públicos para resgatar o UBS, o maior banco do país.
A gota d’água do ressentimento público, porém, veio em fevereiro deste ano, quando a companhia farmacêutica Novartis anunciou que pagaria um pacote de aposentadoria no valor de 72 milhões de francos suíços (US$ 79 milhões) para seu então presidente, Daniel Vasella. Mais tarde, a empresa reduziu o valor para 5 milhões de francos suíços.
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