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“Superspreader”: Brasil se tornou o maior espalhador de covid da América do Sul, diz Washington Post

Intubados na UTI com covid. Imagem: Michael Dantas/AFP

Uma reportagem publicada no Washington Post, escrita por Lucien Chauvin, Anthony Faiola e Terrence McCoy, revela que o Brasil se tornou um “superspreader” da covid-19.

Superspreading event, ou superespalhamento, é aquele no qual uma doença infecciosa se espalha muito mais do que o normal, enquanto um organismo invulgarmente contagioso infectado com uma doença é conhecido como superdisseminador.

No caso do Brasil, a P.1, nova variante do coronavírus, contribuiu para que o cenário preocupante vivido pelo país, que bate recorde atrás de recorde em número de mortes diárias pela doença.

Leia abaixo alguns trechos da matéria: 

O médico observou os pacientes entrarem em sua unidade de terapia intensiva com uma sensação de pavor.

Por semanas, César Salomé, médico do Hospital Mongrut de Lima, acompanhou os relatórios assustadores. Uma nova variante do coronavírus, gerada na floresta amazônica, invadiu o Brasil e levou seu sistema de saúde à beira do colapso. Agora seus pacientes também estavam ficando muito mais doentes, com os pulmões saturados de doenças e morrendo em poucos dias. Mesmo os jovens e saudáveis ​​não pareciam protegidos.

A nova variante, ele percebeu, havia chegado.

“Costumávamos ter mais tempo”, disse Salomé. “Agora, temos pacientes que chegam e em poucos dias perdem o uso de seus pulmões.”

A variante P.1, que contém um conjunto de mutações que a torna mais transmissível e potencialmente mais perigosa, não é mais um problema apenas do Brasil. É um problema da América do Sul – e do mundo.

Nas últimas semanas, ele foi transportado através de rios e fronteiras, evitando medidas restritivas destinadas a conter seu avanço para ajudar a alimentar um surto de coronavírus em todo o continente. Há uma ansiedade crescente em partes da América do Sul de que P.1 possa rapidamente se tornar a variante dominante, transportando o desastre humanitário do Brasil – pacientes adoecendo sem cuidados, um número disparado de mortes – para seus países.

Em Lima, os cientistas detectaram a variante em 40% dos casos de coronavírus. No Uruguai, foi encontrado em 30 por cento. No Paraguai, as autoridades dizem que metade dos casos na fronteira com o Brasil são P.1. Outros países da América do Sul – Colômbia, Argentina, Venezuela, Chile – o descobriram em seus territórios. As limitações no sequenciamento genômico dificultaram o conhecimento da verdadeira amplitude da variante, mas ela foi identificada em mais de duas dezenas de países, do Japão aos Estados Unidos. (…)