Suspeito de matar Henry Borel, Dr. Jairinho é acusado de agressão e tortura contra outras crianças
Da Veja

(…) A polícia está investigando o triste fim de Henry e já ouviu dezesseis pessoas. Na apuração, surgiram relatos de supostas agressões de Jairinho tanto a Henry quanto à filha de uma ex-namorada. VEJA teve acesso a trocas de mensagens e depoimentos exclusivos, inclusive sobre uma inédita terceira vítima do vereador. As conversas traçam um perfil dele de homem educado, gentil e generoso na aparência, mas que na intimidade exibe temperamento violento e perverso, beirando o sadismo. A lista de vítimas desse lado obscuro do vereador começa pela ex-mulher, a nutricionista Ana Carolina Ferreira Netto, com quem tem dois filhos. Ela registrou duas queixas na polícia: na primeira, em 2014, afirmou que, depois de uma discussão, ele teve um “ataque de fúria”, desferindo socos e pontapés, a ponto de ser hospitalizada; a outra, de 2020, cita apenas “lesões corporais”. Procurada, Ana não retornou as ligações.
Tanto os depoimentos à polícia quanto os relatos feitos a VEJA mencionam agressões a ex-namoradas e, invariavelmente, aos filhos delas, todos na mesma faixa de idade. Uma dessas ex-namoradas (nenhuma das envolvidas quis ser identificada), com quem se relacionou entre 2014 e 2016 e mãe de um menino de 5 anos na época, esteve na delegacia e negou a ocorrência de maus-tratos. Mas a reportagem localizou uma amiga íntima dela que diz ter conhecimento de episódios tenebrosos. Um deles foi a tentativa de Jairinho de dopar a namorada em um hotel. “Minha amiga acordou, grogue, e deparou com o menino chorando e o namorado o forçando a tomar banho de banheira”, lembra. Ela mesma diz ter visto diversas vezes o garoto “chorando e tremendo” só de ouvir as palavras “tio Jairinho”.
Durante o relacionamento, ressalta a amiga, o vereador arranjava motivos para sair sozinho com o menino, que voltava parecendo ter passado por “sessões de tortura”. Em uma ocasião, chegou com o rosto inchado e desfigurado, olhos roxos e a explicação: havia caído de cabeça. Em outra, apareceu com a perna fraturada na altura do fêmur e a justificativa: tinha se prendido no cinto de segurança e tropeçado ao sair do carro. “Nas duas vezes, Jairinho o levou a uma clínica de conhecidos dele. Minha amiga estava deslumbrada e tinha medo por ele ser poderoso”, contou a mulher a VEJA. Essa ex-namorada (que, segundo a amiga, segue em contato com o vereador) recebeu um telefonema dele horas depois da morte de Henry, no qual, segundo afirmou à polícia, nenhuma palavra foi dita sobre a tragédia.
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