Tarcísio quer extinguir Secretaria da Segurança e adotar modelo do RJ

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O ex-ministro da Infraestrutura e candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quer extinguir a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do estado. O candidato em segundo turno quer dar ao chefe da Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar o status de secretário.
A intenção tem sido anunciada pelo bolsonarista aos policias paulistas e foi confirmada pela campanha de Tarcísio na última sexta-feira (14). Ainda assim, a ação não faz parte do plano de governo do ex-ministro.
“Uma vez que a melhora na segurança do estado passa também pelo maior engajamento e supervisão direta do governador. Ter a ligação direta entre o comando e o governador daria a relevância necessária às tomadas de decisão de segurança pública”, informa a nota publicada pela campanha.
De acordo com Tarcísio, não seria ideal manter “o comando das polícias no 4º escalão do governo”, se referindo à atual estrutura da secretaria paulista que, além do secretário da segurança, engloba os secretários-executivos da Polícia Civil e da Polícia Militar.
“Esta mudança de estrutura será cuidadosamente planejada de modo a tornar a transição possível durante o mandato. A Secretaria de Segurança, como as polícias, é centenária em São Paulo e, por isso, essa mudança deve ser pensada com cuidado e com base em experiências bem-sucedidas para que os ganhos esperados sejam obtidos com máxima eficiência”, encerrou a nota.
Segundo as informações do jornalista Rógerio Pagnan, da Folha de S.Paulo, o modelo que deverá ser implementado pelo candidato é o mesmo instituído no Rio de Janeiro, seu estado natal. A proposta agrada setores de duas polícias de SP, porém, é considerado um “retrocesso” por especialistas em segurança pública.
A pasta da Segurança Pública em São Paulo, que Tarcísio quer eliminar, foi instaurada há mais de 100 anos. Mesmo passando por períodos de interrupção, foi retomada definitivamente em 1941.
Segundo o sociólogo Ignácio Cano, do Rio de Janeiro, “foi um avanço histórico no Brasil” integrar as polícias estaduais numa única secretaria. “Com comando único e que fosse dada a uma pessoa que não fosse necessariamente policial”, explicou. “Isso aprofunda a divisão das duas polícias, que impede uma política integrada de segurança pública”
O sociólogo ainda acrescentou que a separação defendida pelo ex-ministro atende a uma “agenda corporativa” das polícias que não desejam um controle político. “Isso que aconteceu no Rio e vai continuar acontecendo. É um retrocesso político estratégico, porque você precisa de um planejamento e execução integrada da política de segurança. E as duas polícias têm que trabalhar juntas. Então, duas secretarias, certamente vão contra esse princípio”.