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Tarso Genro diz que formará frente de esquerda no Rio

Do Uol:

 

Dedicado a um projeto que inclui estabelecer-se por um tempo no Rio de Janeiro, o ex-governador do Rio Grande do Sul e um dos principais pensadores do PT, Tarso Genro, externou desconforto com as medidas econômicas levadas a cabo pelo governo Dilma Rousseff e voltou a criticar aos rumos da sigla durante um debate sobre reforma política, na terça-feira (12), na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Discutindo o tema ao lado do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o petista declarou que o ajuste fiscal em curso gera “um constrangimento impossível de ser digerido” pelo partido.

Ministro da Educação e da Justiça no governo Lula, Tarso vai se dividir entre sua residência em Porto Alegre e outra no Rio, onde pretende passar uma semana por mês. Sem dar detalhes, ele defendeu a criação de uma “nova frente política” de esquerda no país, com vistas às eleições de 2016 e 2018. A ideia é reunir intelectuais, políticos de diferentes partidos e outros atores para discutir os rumos da esquerda.

“Nós temos agora que atravessar uma eleição municipal, e o Rio de Janeiro tem uma importância muito grande nesse processo, por aglutinar uma candidatura popular e democrática que cria um simbolismo político novo para o País”, declarou Tarso durante o debate. “O Rio tem forças políticas dentro dos partidos de esquerda com condições de promover uma nova unidade, uma nova frente política para revigorar o projeto de esquerda. Vejo lideranças de vários partidos capazes de fazer isso”, disse, após o evento.

Embora não tenha revelado quem procurará em sua estada no Sudeste, o ex-governador gaúcho esteve reunido ontem, antes do debate, com Freixo, parlamentar que, embora faça oposição ao governo federal, deu apoio à reeleição de Dilma no segundo turno.

Em sua fala, próxima à visão de outros partidos mais à esquerda e distante de posicionamentos que prevalecem hoje no PT e no governo federal, Tarso fez novas críticas ao partido. “Nós, que somos minorias dentro do partido, não temos ninguém a nos opor, porque não há hegemonia partidária hoje. Há um condomínio administrativo e um partido em crise, que está se segurando para não entrar numa depressão profunda”, declarou. “Não existe grupo dirigente. Existe um acordo de funcionalidade partidária e um projeto de estado vencido.” Para Tarso, o projeto desenvolvimentista iniciado no governo Lula cumpriu seu ciclo e, portanto, está esgotado.