TCU quer que Guedes e Braga Netto expliquem dinheiro do SUS usado em gastos militares

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O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Walter Braga Netto, ministro da Defesa, e Paulo Guedes, da Economia, expliquem o uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), destinados ao combate à pandemia, em gastos militares.
O pedido foi enviado nesta segunda (2) pelo auditor Bruno Dantas, que pretende apurar irregularidades na descentralização de recursos do Ministério da Saúde.
O mau uso das verbas foi revelado pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto, que afirmou, em estudo enviado à CPI da Covid:
“A gestão sanitária da calamidade decorrente da pandemia infelizmente não foi orientada para salvar o maior número de vidas possível. A dinâmica da execução orçamentária foi muito suscetível a capturas e desvios”.
Dos R$ 730 bilhões liberados para gastos extraordinários contra a covid-19 (auxílio emergencial, compra de equipamentos e vacinas), cerca de R$ 140 milhões foram parar no Ministério da Defesa, sem explicação.
A pasta usou R$ 130 milhões só para irrigar 184 unidades militares sem relações com hospitais.
Os repasses foram parar nas comissões aeronáuticas brasileiras em Washington (R$ 55 milhões) e na Europa (R$ 7,8 milhões), na Comissão do Exército Brasileiro em Washington (R$ 3,113 milhões) e no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (R$ 1,067 milhão).
A Defesa também utilizou de parte do Orçamento de Guerra, que deveria servir para o combate à crise sanitária, para despesas de rotina, como a compra de veículos de tração mecânica (R$ 22 milhões) e uniformes (R$ 1,2 milhão).
Segundo Élida, isso mostra que a execução orçamentária foi capturada por interesses políticos:
“Esses créditos foram criados especificamente para a Covid. Quando se empenhou o dinheiro sem explicar como seria usado, abriu-se espaço para o desvio de recursos da saúde para possível aparelhamento de órgãos militares”
Com informações do Estadão.