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Temendo ação solitária, governo terá 1,8 mil agentes contra terror na Copa

Um eventual atentado provocado por um ou mais extremistas não ligados a organizações conhecidas é a principal preocupação do governo brasileiro em termos de prevenção ao terrorismo durante a Copa do Mundo.

As estratégias de defesa se baseiam principalmente em ações de inteligência envolvendo agências internacionais e uma força especial de reação composta por 1.850 agentes, entre militares e policiais, e 36 helicópteros.

O esquema, porém é de caráter preventivo, segundo disse à BBC Brasil o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

“Eu não creio que o Brasil seja alvo de nenhuma ação extremista. Em primeiro lugar, nós não temos um histórico de atos terroristas no Brasil, nunca tivemos”.

“Em segundo lugar, nossos serviços de inteligência nunca detectaram núcleos ou situações que pudessem efetivamente representar um tipo de risco nessa área (do terrorismo)”.

Porém, segundo ele, o país está preparado para lidar com qualquer “eventualidade”.

De acordo com o general de brigada Julio César de Arruda, responsável pela força-tarefa contraterrorista que atuará no mundial, diversos cenários hipotéticos de ataques foram traçados. “O pior deles é uma bomba suja, uma bomba associada a substância química, biológica ou radioativa”, afirmou.

Para lidar com ele, o Exército comprou equipamentos modernos e formou uma força de 750 homens especializada em atender e descontaminar vítimas afetadas pelo eventual atentado. Essa força pôde ser vista com certa frequência nos últimos meses em trajes que lembram filmes de ficção científica treinando próximo a estádios que receberão jogos do mundial.

Segundo Arruda, integrantes dessa unidade – conhecida no meio militar pela sigla DQBN (Defesa Química, Biológica e Nuclear) – treinaram com órgãos internacionais para se preparar para a Copa, incluindo o MI5, o serviço de segurança doméstico da Grã-Bretanha.

Contudo, um ataque dessa natureza não é o mais provável dos cenários envolvendo atentados extremistas no Brasil na Copa, diz o general.

Uma ameaça um pouco mais plausível seria um ataque a bomba convencional cometido por um “lobo solitário” – um extremista ou um pequeno grupo não ligado a grandes organizações terroristas e interessado na visibilidade mundial de um eventual atentado no Brasil durante a Copa do Mundo.

A tática do “lobo solitário” se tornou uma preocupação global no meio da segurança após o atentado contra a Maratona de Boston, em abril de 2013. Na ocasião, dois extremistas independentes detonaram duas bombas que mataram três pessoas e feriram 260.

“Esse tipo de ação é o maior perigo atualmente. Os lobos solitários são difíceis de rastrear e capturar em qualquer lugar do mundo porque eles não têm ligação com ninguém. Pode ser alguém que pega uma arma e vai causar uma catástrofe em um estádio”, observa o especialista em segurança Hugo Tisaka, da consultoria NSA Brasil.

Tanto o consultor como o general afirmaram que uma das formas mais eficazes de impedir as ações de lobos solitários é contar com o apoio de toda a população para identificar ameaças. Ou seja, criar a cultura nos cidadãos e servidores de reportar aos órgãos adequados quando notarem objetos ou comportamentos suspeitos.

Saiba Mais: bbc